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Jardins

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Azulejos

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Pormenor exterior

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Pormenor de uma das salas

O Renascimento do Palácio da Anadia

Considerado um dos importantes edifícios barrocos portugueses, o Palácio Anadia, em Mangualde, cumpre três séculos com a sua reabertura ao público.


O gigantesco imóvel, composto por quatro alas e integrado numa quinta de 30 hectares com jardim, parque e área agrícola, conhece hoje uma nova vida.

Considerado um dos importantes edifícios barrocos portugueses, o Palácio Anadia, em Mangualde, cumpre três séculos com a sua reabertura ao público.


O gigantesco imóvel, composto por quatro alas e integrado numa quinta de 30 hectares com jardim, parque e área agrícola, conhece hoje uma nova vida.
 

Os visitantes podem percorrer três alas cujos salões, salas e zonas privadas mostram a ambiência da alta nobreza dos séculos XVIII e XIX.
 

Na actualidade, Sofia Costa Macedo, arqueóloga de formação e investigadora do CIES-Iscte, é a responsável pelo edifício-museu onde tem desenvolvido projectos de grande rigor a nível museológico e científico.


Foi, por exemplo, criado um projecto de interpretação do Palácio, que permite acompanhar as visitas, que são realizadas em várias línguas, ao mesmo tempo que continuam os projectos de conservação e restauro.


O imóvel, mandado construir no primeiro quartel de 1700 por Simão Paes do Amaral, capitão-mor de Azurara da Beira (desconhece- se o nome do arquitecto) apenas foi concluído em 1804.
 

É um dos mais sumptuosos solares barrocos portugueses. As dimensões são vastas, o recheio é único - excedendo seguramente o das casas de Fronteira, de Mateus e da Brejoeira, também abertas ao público.
 

O encanto toma conta dos visitantes. O grande átrio é forrado a azulejos que, aliás, percorrem a escadaria e parte dos salões. Neles podemos observar figurações mitológicas e de humor, como no Salão de Baile.
 

Neste, eles mostram-nos o “mundo às avessas” em que a lua e o céu estão na Terra, os porcos fazem a matança do homem, a aluna dá açoites à professora, os cavalos montam os cavaleiros e o peixe pesca o pescador.
 

As grandes divisões ostentam tectos de masseira pintados ou cobertos por abóbadas de estuque, retratos setecentistas e oitocentistas (alguns assinados por Domenico Pellegrini), mobiliário português, italiano efrancês, gravuras italianas, estatuetas em biscuit de Capodimonte de Nápoles, porcelanas da Companhia das Índias, vidros, leques, têxteis de Arraiolos e Orientais, pratas e bronzes.


A Capela de São Bernardo tem um retábulo setecentista da autoria de Cirilo Wolkmar Machado.
 

Outra espantosa curiosidade é a casa de banho, com uma enorme e original banheira em granito.
 

O século XIX mostra-nos divisões mais intimistas, com o estilo pompeiano a dominar algumas delas. Os espaços são definidos pela comodidade e pela escala humana que caracterizou a época.


A sala de jantar revela-se surpreendente. As paredes e o tecto são preenchidos por pintura decorativas neoclássicas de grande valor decorativo. A mesa tem a baixela da família em prata e um serviço emporcelana encomendada em Itália no início de 1800.
 

“Ao longo de gerações o palácio soube manter a integridade do seu recheio. Isto possibilitou, por exemplo, que no Salão Nobre se preserve um conjunto de canapé e cadeiras com 24 peças”, revela Sofia CostaMacedo.
 

Por fim, o jardim, em terraços com fontes e tanques, bem como uma mata, são espaços verdes de referência estando os jardins históricos abertos aos visitantes e a mata prevista a sua abertura em breve.

Investigação de fundo
“A decisão de receber o público é antiga e partiu dos Condes de Anadia, impulsionada pela Condessa de Anadia, ainda na década de 1960", destaca-nos Sofia Costa Macedo. Nessa década o palácio foi amplamente intervencionado, com obras de restauro, que mantiveram as características originais.
 

Durante muito tempo “foi a dedicada Sr.ª Maria que, encantadora na sua simplicidade, recebia os visitantes, sempre de avental lavado”, escreveu Francisco Hipólito Raposo.
 

Com uma equipa de cinco pessoas, o Palácio Anadia reabriu em 2017 completamente reformulado sob iniciativa de Miguel Paes do Amaral, filho dos Condes de Anadia. A grande preocupação foi manter as características originais, nada de “pôr bonito” tão e somente. Ao mesmo tempo criou-se uma atraente linha de produtos na loja (material de escritório, vinho e azeite da Casa Anadia…….), editou-se um roteiro, fizeram-se guiões especiais para os visitantes, integrando-os na ambiência palaciana e evitando ficarem esmagados pela natural grandeza do ambiente.
 

Iniciaram-se igualmente restauros de fundo no telhado, nas fachadas e no interior retirando-se algumas esteiras colocadas nos anos 60 do século XX.


“Temos trabalho para muitos anos”, pormenoriza-nos Sofia Costa Macedo:
"O arquivo da família, preservado nas várias propriedades, vai trazer preciosas informações. Existe também o projecto de abrir ao público a cozinha original, continuar o projecto de conservação e restauro, estudar a fundo todo o acervo, organizar a biblioteca de acordo com projecto original, e fazer a história dos visitantes ilustres que aqui estiveram, como o Rei Dom Luís que aqui dormiu aquando da inauguração da linha férrea da Beira Alta em 1882 e, mais tarde, D. Carlos. O público tem correspondido, em 2019 tivemos cerca de 3000 visitantes, e estamos numa zona do interior”, sublinha-nos aquela responsável.
 

O Palácio Anadia revela-se na sua elegância, requinte e sumptuosidade um local a visitar.

 

António Brás

 

 


                                                      Sofia Costa Macedo


Doutorada em História Moderna e Contemporânea, especialidade política, cidadania e cultura (Iscte). Pós Graduada em Património e Projectos Culturais (Iscte). Professora Auxiliar Convidada no Departamento de História do Iscte.

 

Investigadora Integrada do CIES-ISCTE e Investigadora Colaboradora do IHC/UNL. Investigadora no domínio do Património Cultural, com destaque para o campo das Associações de Defesa de Património e da Gestão em Património. Gestora de Património Cultural.


Membro dos corpos sociais da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial e do ICOMOS-pt. Membro da Comissão Organizadora do Fórum do Património, partindo da convicção que o Património Somos Nós.

uma nova vida.

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Destaque de obras de arte do Palácio Anadia

I – Retrato do Conde de Anadia, assinado por Pellegrini

II – Conjunto dois canapés e 24 cadeira de estilo D. José

III – Retábulo da Capela de Cirilo Wolkmar Machado

IV – Azulejos de Coimbra da autoria de mestre Silva Carvalho

V – Mesa italiana datada de 1673 com embutidos, obra de Giovanni Leoni

VI – Diversas pinturas de Giagento e Lanzarotto

VII – Colecção única em Portugal de 48 esculturas em biscuit de Nápoles Capodimonti. Foram oferecidas pelos Reis de Nápoles a um antepassado, é um conjunto único em Portugal.

VIII – Retratos dos reis de Portugal e príncipes da Casa de Bragança dos séculos XVIII/XIX

XIX – Galeria dos retratos de família, espalhados pelas diversas salas, datam dos séculos XVII ao XIX

XX – Piano Erard, usado nas festas da casa, patente no salão de baile

XXI – Retrato do Rei Dom Luís, um dos melhores óleos do monarca

XXII – Preciosos conjuntos de gravuras, com diversificados motivos dos séculos XVIII e XIX

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