
Nabis I No Museu do Luxemburgo em Paris


Maurice Denis Abril 1892 Óleo sobre tela 38 x 61,3 cm. Otterlo, Kröller-Müller Museum © Otterlo, Kröller-Müller Museu

Pierre Bonnard Senhora com um vestido de bolas brancas 1890-1891. Aguada sobre tela. Painel decorativo 160,5 x 48 cm Paris, musée d’Orsay © Rmn-Grand Palais (musée d’Orsay) / Hervé Lewandowski

Edouard Edouard Vuillard - Jardins públicos: O Passeio – 1894 Aguada sobre tela 214,3 x 97,2 cm Houston, The Museum of Fine Arts, The Robert Lee Blaffer Memorial Collection, oferta de Mr. and Mrs. Kenneth Dale Owen, 53.9 © The Museum of Fine Arts, Houstont

Maurice Denis Escada entre as folhagens 1892 Óleo sobre tela montado sobre painel de madeira 235 x 172 cm. St. German-en-Laye, museu departemental Maurice Denis © Rmn – Grand Palais/ Gérard Blot/ Christian Jean

Edouard Vuillard O Corpete de Riscas 1895 Óleo sobre tela 65,7 x 58,7 cm. Washington, National Gallery of Art, colecção do Sr e Srªa.Paul Melon, 1938 1. 38 © Washibgton, National Gallery

Edouard Vuillard A intimidade 1896 pintura com cola sobre tela 212 x 155 cm Paris, Petit Palais - Musée des Beaux-Arts de la Ville de Paris © Petit Palais/Roger-Viollet

Edouard Vuillard A escolha dos livros 1896 pintura à cola sobre tela 212 x 77 cm Paris, Petit Palais - Musée des Beaux-Arts de la Ville de Paris © Petit Palais/Roger-Viollet

Paul Ranson Três mulheres na colheita 1895 Têmpera sobre tela 35 x 195 cm St Germain En Laye, Musée départemental Maurice Denis © D. Balloud

Paul Ranson Caixa de cigarros: Mulher nua encostada a uma árvore 1899 Caixa de cigarros em “marqueterie” 16,5 x 31,3 x 9,3 cm Paris, musée d’Orsay © Christie’s 2018
O Museu do Luxemburgo que Maria de Medicis mandou construir, em Paris, entre 1615 e 1630 é, por si, um edifício ajardinado, no coração da capital francesa, que merece ser visitado.
Após uma longa história, verdadeiramente de grande interesse, a gestão deste Museu foi, desde 2010, confiada à Reunião dos Museus Nacionais e do Grand Palais des Champs-Elysées no quadro de uma delegação de serviço público cuja missão é apresentar grandes exposições destinadas a um público muito vasto.
Les Nabis, ou simplesmente Nabis, foi um grupo de jovens artistas pós-impressionistas vanguardistas da última década do século XIX.
Paul Sérusier impulsionou Les Nabis, arranjou o nome e a grande influência foi de Paul Gauguin. A palavra Nabi deriva do hebraico, ( palavra profeta). Pierre Bonnard e Edouard Vuillard tornaram-se os mais conhecidos do grupo, mas na altura estavam um pouco afastados dos restantes membros.
Conheceram-se na Académie Julian, e depois em casa de Paul Ranson, onde chegaram à conclusão que uma obra de arte é o produto final da expressão visual e sentimental do artista. Receberam muitas influências simbolistas. Abriram caminho às obras abstractas prematuras e à arte não figurativa.
Entre o grupo estava Maurice Denis, cujos trabalhos jornalísticos fizeram publicidade a Les Nabis. Tinha uma definição para arte produzida pelo gupo, que se aproximava bastante da realidade — "uma superfície lisa coberta de cores organizadas". As suas Théories (1920; 1922) levaram a arte Nabis muito para além da sua extinção devido ao Fauvismo e ao Cubismo.
AS PAIXÕES NABIS
A Arte dos Nabis, uma larga fatia das Artes Decorativas, por estranho que pareça, até à data nunca tinha merecido uma grande exposição em França.
Se analisarmos as origens do pensamento de William Morris que estava com John Ruskin no Movimento Iniciador de Arte e Artesanato em Inglaterra na década de 1860, talvez consigamos encontrar o fio da meada da História do Movimento Nabis que encaixa no padrão dominante de Siegrefried popularizado por Bing na Gallery Art Nouveau. Na realidade, o Movimento inglês expandiu-se em Espanha com o modernismo catalão; na Bélgica com Victor Horta, Van de Velde e Paul Hankar; em França, por batalhões e, também, por toda a Europa.
A Arte decorativa Nabis constitui uma experiência específica entre artistas com uma admiração comum pelas obras de cariz ornamental, englobando a pintura com as artes decorativas.
De salientar que na exposição de 1890, em Paris, as estampas japonesas conseguiram lançar uma nova gramática estilística, levando os Nabis a pintar sobre telas e também em biombos, leques… variando da estampagem, à tapeçaria, do papel pintado aos vidros.
Os interiores passaram a ser embelezados com a utilização de cores vivas, linhas onduladas e uma perspectiva profunda dos padrões com um ênfase até aí desconhecido.
Os pioneiros da decoração moderna como Bonnard, Vuillard, Maurice Denis, Serusier, Ranson, defenderam, em Ontário, a introdução da beleza no quotidiano. Preconizaram assim uma expressão original, alegre, animada e rítmica, em oposição à técnica do “pastiche” que, então, estava em voga.
“ A nossa geração odeia repetições, afirmava Roger Marx, as receitas herdadas do passado, está atormentada pela apetência pelo proibido, deseja uma sacudidela; uma fuga à obsessão do passado; proscrever o intencionado e o instruído é a sua ambição, para não dizer à sua regra.”
Esta exposição, que recomendamos vivamente aos nossos leitores, resulta do trabalho de pesquisa da Reunião dos Museus Nacionais-Grand Palais e dos Museus d’ Orsay e Orangerie de Paris.
Esta exposição, absolutamente inédita, termina a 30 de Junho e recomendamos vivamente aos nossos leitores para não perderam a oportunidade de receberem uma grande lição de História de Arte.
Com efeito, a exposição do Museu do Luxemburgo permitiu a reconstrução de conjuntos decorativos que foram sendo desmantelados ao longo dos tempos.
O seu percurso articulado em quatro secções aborda temas importantes como a simbólica associação da mulher com a natureza nas obras de juventude de Bonnard, Maurice Denis, Vuillard e Ker-Xavier Roussel, ou ainda a decoração interior da casa de Vuillard.
Curiosamente, a exposição termina com a apresentação de temas sagrados, os quais têm despertado um inusitado interesse entre os visitantes, já que eles são evocativos do entusiasmo de alguns Nabis pelo esoterismo e pela espiritualidade.
Uma exposição a não perder!
Marionela Gusmão