
Joana da Bulgária
A Derradeira Monarca
![]() A rainha no terraço da sua casa no Estoril. | ![]() Joana da Bulgária e Liubke Tasseva | ![]() Joana da Bulgária, Maria José da Silveira e filha Mena Hogan???? |
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![]() O casal Soares, Maria josé ITelo e o filho | ![]() Maria José Itelo e o filho em Cascais | ![]() Simião, Maria Luísa (mãe) e marido |
![]() Simião e a mãe Maria Luísa | ![]() Simião, Maria Luísa (mãe) e marido |
A derradeira monarca da Bulgária, falecida no Estoril, caminha a passos largos para ser declarada venerável. A solicitação ao Santo Padre deve-se a um movimento italiano de pessoas que reconhecem a sua santidade. Porém, só Papa Francisco poderá tornar possível que a Rainha Giovanna da Bulgária, nascida em Itália, seja tornada venerável para que se possam dar os passos seguintes ou seja futuramente a beatificação e posterior canonização, sendo que este ultimo, depende dos milagres que sejam documentados.
Giovanna de Sabóia, conhecida por Joana de Sabóia e Rainha da Bulgária, foi a última cabeça coroada a fixar-se na linha de Cascais, em 1962 - e a última a morrer naquela zona, no ano 2000.
Fugida de Sofia, depois de Estaline ter mandado fuzilar o cunhado, na sequência da II Guerra Mundial, refugiou-se inicialmente no Egipto, depois em Espanha e, finalmente, em Portugal.
O mar, a natureza, a afectuosidade do povo português emocionou-a.
Em 1962, adquiriu, na Costa do Sol, uma moradia que baptizou de Yantra, onde se recolheu e viveu até falecer.
Liubka Tasseva, sua última secretária, recorda-nos a figura de Joana da Bulgária.
"Recebia com frequência a visita do filho Simeão, que vinha ao volante do seu automóvel desde Madrid", revela. "Havia uma forte ligação entre os dois, pois ambos nunca esqueceram os momentos trágicos que viveram".
Aos seis anos de idade, Simeão foi coroado Rei. O pai, Rei Boris, havia morrido repentinamente. Pela mão da mãe e do tio, príncipe Cirilo, a criança assistiu a exercícios e a paradas militares. Entretanto, Hitler deu ordens para a família-real ser presa e transferida para a Alemanha, mas o embaixador do Reich recusou-se, por pressão de militares búlgaros, a cumprir a tarefa.
No ano seguinte, em 1944, o terror toma conta da Bulgária. O país é bombardeado pelos Aliados (a família quase morre na derrocada do seu palácio) que acaba invadido por ordem de Estaline. Milhares de cidadãos são condenados à morte, incluindo o príncipe-regente Cirilo, irmão do defunto Rei Boris.
A rainha, os filhos e a cunhada Eudoxia ficam aprisionados nos arredores de Sofia.
"Como a monarquia desfrutava de grande popularidade, só em 1946, os soviéticos proclamaram a república", destaca Liubka Tasseva. "Para tal realizaram um referendo completamente manipulado. Havia dois boletins de voto, um a favor da República, outro da Monarquia. O segundo não estava, porém, disponível nas urnas".
Os comunistas, liderados por George Dimitrov (que o Rei Boris havia salvo da condenação à morte) ganharam por 99%. Imediatamente resolveram expulsar a família-real. Expropriaram os seus bens, dando-lhes 200 dólares (cerca de 245 euros) e o prazo de 20 dias para abandonar o país.
A antiga monarca saiu de Sófia acompanhada pelos filhos, pela cunhada Eudoxia e por alguns fiéis servidores.
Os primeiros anos de exílio foram passados na corte do Rei Farouk, em Alexandria, no Egipto. A cunhada e as amas dos filhos foram, entretanto, residir na Alemanha. Por sua iniciativa, a rainha educou os filhos sozinha.
Joana da Bulgária nunca permitiu que os filhos esquecessem a língua nem que se distanciassem das suas raízes. “Foi graças à sua educação que eles têm um patriotismo fora do vulgar”, sublinha-nos Lubka Tasseva.
Verão aconchegante
Em 1951, Joana da Bulgária e os filhos passam a habitar em Madrid. Na altura, o Rei Humberto de Itália, seu irmão que vivia em Cascais, recebia-os, em sua casa, com muita frequência. Simeão da Bulgária, que há poucos dias da data em que escrevemos este texto festejou os seus 80 anos no palácio de Vrana, antiga residência dos reis Fernando I e Boris III onde habita pontualmente desde a primavera de 2001, ocupava o tempo de lazer na praia do Guincho e nas animadas noites do Estoril convivendo com famílias, entre as quais se incluíam: os Espírito Santo, os Van Zeller, os Pereira Coutinho, os Bragança, os Habsburgo, os Condes de Paris, os Cadaval e, especialmente, os Condes de Barcelona. Uma forte amizade liga-o ao futuro Rei Juan Carlos de Espanha. Simeão acabará mesmo por casar, em 1962, com Margarita Gomez de Acebo, prima do marido da infanta Pilar, irmã de Juan Carloso.
Joana da Bulgária resolve, então, fixar-se definitivamente no Estoril.
"Ela veio para cá devido à presença do irmão, ao fascínio do mar e à amenidade do clima", frisa Lubka Tasseva. Compra uma moradia voltada para a baía de Cascais, que decora com retratos de antepassados (cópias de originais), porcelanas e pratas herdadas do pai, bem como mobiliário português. O seu quotidiano é discreto, vive acompanhada por uma governanta, um motorista, duas empregadas e a secretária. Raramente aceita convites para festas, abrindo apenas excepções para casamentos e baptizados. Torna-se uma paroquiana assídua da Igreja de Santo António do Estoril. Desloca-se mensalmente a Fátima, apoia obras de caridade e aprecia o fado – especialmente a “voz doce” de Salvador Taborda Ferreira.
Joana da Bulgária recebe anualmente a visita das irmãs, residentes em Itália e na França, da cunhada Eudoxia que vive na Alemanha, dos sobrinhos e da rainha Geraldine da Albânia que se fixara em Espanha.
O filho vê-a assiduamente, o mesmo acontecendo, mais tarde, com os netos e os bisnetos.
"Simeão é extremamente afável, dinâmico e culto. Domina na perfeição oito línguas, aliás fala melhor português que a mãe", diz-nos a sua secretária.
Joana da Bulgária era uma senhora corajosa. Em 1975, ao ver inúmeros amigos partir para o Brasil chegou a dizer: “Comparado com aquilo que vi noutros sítios, o que está a passar-se em Portugal é uma brincadeira!".
Continuou a viver recolhida na sua residência, nunca tendo sido incomodada.
Em Agosto de 1993 deslocou-se durante oito dias à sua pátria, a convite especial do governo búlgaro. Com 86 anos foi recebida de forma entusiástica. Percorreu mais de mil quilómetros, e afirmou: "Não tive razões para me cansar". Acompanhada pela filha e pelo genro assiste em Sófia às comemorações do 50º aniversário da morte do marido - cujos restos mortais haviam desaparecido.
"Sofreu muito ao rever os sítios onde havia vivido, confessou-me que fez os possíveis para conter as lágrimas", destaca-nos Liubka Tasseva.
"Nunca me passou pela cabeça ser recebida desta forma, com tanto amor pelo povo búlgaro", exclamará a antiga monarca aos amigos.
A família reuniu-se pela última vez em 1997, quando Joana completou 90 anos. Houve um almoço onde estiveram os dois filhos, os nove netos e os dez bisnetos. Três anos depois, a 26 de Fevereiro, Joana da Bulgária morreu de velhice. Cinco dias depois realizou-se a transladação dos seus restos mortais para Itália, antecedida de uma missa na Igreja de Santo António do Estoril em que estavam presentes elementos das casas reais da Áustria, Brasil, Portugal e Marrocos. De Espanha vieram o Rei Juan Carlos, a mulher e as irmãs Infantas Pilar e Margarita.
O Rei Simeão legou à paróquia da residência da mãe uma relíquia de Santo António que a havia acompanhado a vida inteira.
O regresso
Cinquenta anos depois de ter sido expulso do trono, Simeão da Bulgária (que nunca abdicara da coroa e que sempre mantivera a nacionalidade búlgara) voltou ao seu país. A iniciativa pertenceu a um grupo de 100 intelectuais seus conterrâneos. Quinhentas mil pessoas aclamaram-no nas ruas de Sófia, tal como haviam feito anteriormente à sua mãe. "Queremos o nosso rei", "Simeão nós amamo-vos", e "Simeão é a nossa força, o nosso futuro", gritava a multidão.
"O rei é uma pessoa fora do vulgar, em todos os sentidos", especifica-nos Liubka Tasseva. "É muito inteligente e humano, não esquece nada nem ninguém e ajuda discretamente muitas pessoas".
Desde 2001 que vive na Bulgária, num palácio próximo de Sófia. A propriedade foi-lhe devolvida, assim como outras pertencentes à casa-real.
"A situação económica do nosso país é muitíssimo grave", prossegue a antiga secretária. "Existem muitos problemas para resolver. Ele tem demonstrado grande seriedade e respeito com as pessoas".
Liubka Tasseva, que vive hoje em Sófia, todos os anos visita Portugal.
A Rainha Joana da Bulgária repousa, segundo seu desejo, num jazigo da Ordem Franciscana no cemitério de Assis. Ela casara com o rei búlgaro na basílica dessa cidade em 1930.
Alexandra Chrobok, neta da soberana búlgara, casou em 2001 com Jorge Champalimaud Raposo de Magalhães. A jovem é filha do segundo matrimónio da princesa Maria Luísa de Saxe-Coburgo, casada em primeiras núpcias com o príncipe alemão Karl Zu Leiningen. Divorciada, consorcia-se com um banqueiro de origem polaca, Bronislav Chrobok, residindo nos Estados Unidos.
Alexandra Chrobok vive actualmente com o marido e os três filhos em Lisboa.
Marcados pela tragédia
A vida de Joana da Bulgária e do filho Simeão foi, desde muito cedo, marcada por acontecimentos dramáticos. Em 1943, o marido, Rei Boris, foi mandado envenenar por Hitler. Em 1944 sofrem bombardeamentos que lhes põem, por várias vezes, a vida em perigo. Pouco depois a Bulgária vê-se invadida pelos soviéticos. A irmã da Rainha, Mafalda de Hesse, morreu num campo de concentração nazi. O cunhado de Joana, príncipe-regente Cirilo, foi mandado executar (assim como os ministros e quase todos os deputados) por um tribunal popular. Joana da Bulgária e os filhos foram vítimas de disparos de soldados russos quando passeavam no parque anexo ao palácio onde viviam. A cunhada Eudoxia foi presa e torturada. Os restos mortais do Rei Boris foram devolvidos à viúva, que resolveu sepultá-los no jardim. Em 1946 a monarquia caíu por referendo. Os soberanos partiram para o exilio. Poucos meses antes, o pai de Joana, Rei Vítor Manuel II de Itália, abdica e refugia-se em Alexandria, onde morre; o irmão, Humberto de Sabóia, perde, também por referendo, o trono de Roma.
Com 13 anos, Simeão sofre um atentado mandado executar pelos novos governantes búlgaros. O agravamento da situação no Egipto leva a família a fixar-se (o governo italiano não a deixa residir em Florença) em Espanha. A avó materna, rainha Helena do Montenegro, morre exilada no sul da França. Em 1962 Joana da Bulgária radica-se em Portugal, por ter uma relação extremamente forte com o irmão Rei Humberto, que vivia exilado entre nós.
Casa-real de Itália
O Rei Humberto instalara-se na zona de Cascais em 1946, após ter sido deposto por um plebiscito em que 53% dos italianos votaram a favor da República. Habitou primeiro na Quinta da Bela Vista, em Sintra, cedida pela marquesa Olga de Cadaval. Desejando viver junto do mar, o antigo soberano instalou-se, depois, no palacete dos Condes de Monte Real na baía de Cascais e, mais tarde, numa moradia emprestada pela família Pinto Basto, na Boca do Inferno. Habitaria, finalmente, a Vila Itália construída com donativos dos monárquicos italianos.
“Depois de nós, chegaram os Condes de Paris, o Rei de Itália e os arquiduques da Áustria. Crescemos juntos. Mais tarde vieram o Rei Carol da Roménia e o príncipe André, irmão do Rei Pierre da Jugoslávia. A família-real búlgara passava, por sua vez, o Verão em Cascais. Após o casamento do Rei Simeão, a mãe resolveu ficar a viver no Estoril”, especifica a infanta D. Pilar, filha dos Condes de Barcelona, que continua a visitar Portugal (“Portugal é a minha terra, Espanha o meu pais”, afirma), duas vezes por ano. A sua irmã, infanta D. Margarida, passa largas temporadas em Cascais onde possui um apartamento.
“Os portugueses foram muito simpáticos comigo. Portugal foi o único país que me recebeu e isso nunca se esquece. Adoro Cascais, é uma terra calma onde toda a gente se conhece. Da janela do meu escritório e de quase todas as janelas da minha casa, posso ver o mar e observar as suas muitas mudanças: a calma e a tempestade, os dias de sol e de nevoeiro. O mar nunca é igual. Adoro ver os barcos, passear na praia, falar com os pescadores”, disse o rei Humberto.
O estudo da história e da iconografia da Casa de Sabóia, a leitura (acumulou uma biblioteca de mais de 25 mil volumes) e longos passeios pela orla marítima constituíam as suas grandes paixões.
Após a separação da mulher, a princesa belga Maria José, e do casamento dos quatro filhos, Maria Pia, Maria Gabriela, Maria Beatriz e Vítor Emanuel, o antigo rei tinha na irmã, a Rainha Joana da Bulgária, uma amiga e confidente incondicional.
“Na primeira visita que o Rei fez à minha casa no Algarve exclamou emocionado: Parece que voltei a Triento”, diz-nos Carin Bramão. Recorde-se que Humberto de Sabóia passara em Triento, segundo repetia, “o melhor período da minha vida”.
O antigo soberano morre em Março de 1983, vítima de um cancro, numa clínica da Suiça. Extremamente generoso, ofereceu algumas obras a diversos museus portugueses: ao Paço Ducal de Vila Viçosa, um desenho do pintor setecentista Duprá; ao Museu do Caramulo, um pote quinhentista em faiança de Castel Durante; ao Palácio da Ajuda, a cópia do diário da Rainha Maria Pia; ao Museu Romântico do Porto, a réplica da mobília de quarto do Rei Carlos Alberto do Piemonte e Sardenha; à Academia das Ciências um retrato a óleo de um historiador italiano.
Como se sabe, Humberto de Sabóia era tetraneto deste monarca que se exilou em Portugal, após abdicar no filho Vítor Emanuel II, primeiro Rei de Itália, em 1847. Fixou-se no Porto, onde morreu alguns meses depois. A casa que habitou, emprestada pela família Pinto Basto, foi transformada em museu em 1972.
A penúltima rainha portuguesa, Maria Pia de Sabóia, tia-bisavó de Humberto, nascida em Turim em 1847, era filha de Vítor Emanuel II. Aos 15 anos casou com o Rei D. Luís de Portugal e, no ano seguinte, deu à luz Carlos, o príncipe herdeiro.
A forte personalidade de Maria Pia impo-la rapidamente na época, ganhando enorme simpatia junto das camadas mais populares.
Com notável bom gosto transformou a Ajuda, tornada então residência-real, num dos palácios sumptuosos da Europa.
O século XX foi-lhe, no entanto, nefasto. Em 1900 o irmão, Rei Humberto I de Itália, foi morto por anarquistas e, em 1908, o filho D. Carlos e o neto D. Luís Filipe foram assassinados em Lisboa. Durante o breve reinado do segundo neto, D. Manuel II, a Rainha manteve-se afastada da vida pública. A implantação da República portuguesa obrigou-a a partir para o exílio a 5 de Outubro de 1910. Completavam-se, nesse dia, 48 anos sobre a sua chegada a Portugal. Após uma breve estada em Gibraltar, D. Maria Pia regressa a Itália onde morre em 1911.
Olhando para o passado da sua família, o Rei Humberto de Itália costumava confidenciar aos mais íntimos: “Portugal tem sido um pouco o nosso destino”.
O Santo Imperador
Em Novembro de 1921, um cruzador britânico chega discretamente ao Funchal. Nele viajam, Carlos e Zita de Habsburgo, os derradeiros imperadores da Áustria. O governo português, que aceitara recebe-los a pedido do governo de Londres, instala-os na Vila Vitória, anexa ao Reid`s Hotel. O casal está pobre, nada trouxe da sua grande fortuna, e o dinheiro escasseia para o alojamento, a alimentação dos sete filhos e do pequeno séquito que o acompanha. Uma fiel servidora escreve para a família: “O pobre imperador não come o suficiente, chega mesmo a deixar de beber o café para poupar...”
Um banqueiro madeirense, Rocha Machado, convida-os para residirem na Quinta do Monte, uma propriedade com uma casa oitocentista e um frondoso parque, localizada nos arredores do Funchal. O convite é aceite.
Os ex-soberanos deslocam-se frequentemente ao Funchal, onde vão à Sé Catedral comungar. Nessas ocasiões, segundo relatos de jornais da época, “ uma multidão acerca-se deles para lhes beijar as mãos”.
Inesperadamente, o imperador adoece em Março de 1922 com uma gripe que rapidamente degenera numa pneumonia e morre às 12 horas de 1 de Abril com o olhar dirigido ao Santíssimo Sacramento. Pouco antes de falecer, Carlos da Áustria, que sempre suportou o seu sofrimento sem lamentações, perdoou a todos àqueles que o tinham magoado e ofendido. Tinha 34 anos e muitos já o consideravam um “Santo Imperador”.
Quatro dias depois realizam-se as cerimónias fúnebres, extremamente modestas, da capela da Quinta do Monte para a Igreja local. Uma multidão assiste silenciosa, ante a dor da viúva (grávida de 7 meses), dos sete filhos e da pequena corte.
O corpo do monarca será mais tarde transferido para uma capela do lado direito do altar-mor, onde repousa num singelo túmulo em ferro.
Espírito sofredor
Carlos da Áustria dedicou os seus últimos tempos a educar os filhos, a contemplar o oceano no mirante e a orar.
Nascido em 1887, o soberano recebeu uma educação católica. Na infância, uma religiosa profetizou que ele passaria por grandes sofrimentos.
Em 1916 torna-se imperador da Áustria e rei da Hungria, após o falecimento do imperador Francisco José, seu tio-avô.
No seu curto reinado tenta negociar a paz e acabar com a I Guerra Mundial. Os acontecimentos ultrapassam-no e em 1918 é forçado a abandonar o trono. Refugia-se inicialmente na Suíça, onde tenta restabelecer a monarquia na Hungria, mas é derrotado.
Após a morte do derradeiro último monarca austríaco é fundada a “Liga de oração do imperador Carlos para a paz dos povos” que mais tarde é reconhecida pela Igreja Católica.
Nos anos 60 dá-se início ao seu processo de beatificação, partindo do facto da freira polaca, Maria Zita Gradowska, ter sido curado de uma tromboflebite na perna direita. A religiosa, que sofria da doença desde 1944, foi aconselhada em 1960 a fazer uma novena pedindo a cura ao servo de Deus Carlos da Áustria. Após algumas horas de sono, acordou sem dores e começou a andar. A ferida sarou e até ao fim da vida, em 1980, aos 95 anos, não teve mais sintomas dela.
O Vaticano reconheceu o milagre em 2003, tendo proclamado Carlos da Áustria beato. Actualmente espera-se que ocorra outro milagre para ele ser declarado santo.
Sobre a imperatriz Zita da Áustria, falecida em 1989 aos 97 anos, em Zizers, na Suiça, decorre o processo de beatificação na diocese de Le Mans, localidade onde passava temporadas, e onde tinha três irmãs freiras na Abadia de Santa Cecília de Solesmes.
Joana da Bulgária e Zita da Áustria podem ser as únicas figuras da realeza a serem elevadas aos altares no século XXI.
Deus é grande. Já que os homens tão as maltrataram, que seja feita justiça divina.
António Brás