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O principal museu nacional abriu uma exposição dedicada a si próprio, convidando o visitante à sua descoberta – e divulgação.

Uma centena de peças, exactamente 117, a maioria proveniente da exposição de longa duração, permite fazer-nos uma reflexão sobre  a missão das  unidades museológias.

 “Esta mostra é uma grande aventura”, afirmou António Filipe Pimentel, destacando a “complexidade da sua montagem, com uma componente tecnológica invulgar. Isso permitirá aos visitantes acessos a informações em vídeo, e à sacristia da Capela das Albertas, hoje integrada no MNAA”.

O director cessante realizou desde 2010 um trabalho de grande dinamismo no museu, colocando-o a par dos seus congéneres europeus e norte americanos. Ao mesmo tempo, uma excelente política de incorporações permitiu enriquecer o seu acervo com pinturas de Sequeira, Vieira Portuense, Fernão Lopes, Bento Coelho da Silva, Duprá, bem como esculturas da Renascença e do Barroco português, com destaque para uma rara escrivaninha assinada por Tenuta e para um conjunto de jóias produzidas na Índia. Os legados e doações de artes decorativas conheceram, aliás, e por seu intermédio, um notável crescimento.

A presente exposição, denominada “Museu das Descobertas”, que engloba pinturas, esculturas, têxteis, mobiliário, joalharia, vidros, marfins, faz uma reflexão sobre o próprio museu e a sua função de exibir, de preservar, de estudar, de comunicar, de restaurar e de salvaguardar o património acumulado.

A Mostra inicia-se com a escultura “Bodhisattiva Maitreya, em meditação”, proveniente da Coreia, ou do Japão, criada no século VII., proveniente do legado Calouste Gulbenkian. A peça, apresentada numa sala escura, convida o visitante à contemplação silenciosa e intimista, o que, num tempo em que os museus se transformaram em armazéns de números e selfies, é de destacar

 

Na sala seguinte, em tons de branco, é-se confrontado com a equipa da instituição, desde as funcionárias de limpeza aos conservadores, restauradores e directores, em vídeo, para que não esqueçamos que os “museus são feitos por pessoas e para as pessoas”, segundo o comissário Anísio Franco.

Nos espaços seguintes encontram-se algumas obras relacionadas com os Descobrimentos, podendo ainda observarem-se o “Retábulo de Santa Ana”, numa proposta de reconstituição, e um vídeo com imagens de um cálice veneziano do século XVIII que esteve estilhaçado em mais de 250 fragmentos,

Contas de rezar e uma salva dos Países Baixos dos séculos XVI, um saleiro do Benim, uma pintura que retrata o “Martírio de Santa Catarina”, retratos de dois vice-reis da Índia, da mesma época, são igualmente obras marcantes.

A meio da exposição surge algo surpreendente: o público pode observar a sacristia da Capela das Albertas nunca antes vista. Trata-se de um diminuto espaço revestido a azulejaria e a pintura mural, de exemplar significativo barroco.

Podemos ainda observar obras redescobertas da instituição, entre s quais destacamos o retrato de “Maria de Medicis”, obra da escola italiana datada de 1593. O quadro foi alvo de extenso estudo, retratando afinal a  Condessa de Ferrara.

Outra peça objecto de uma extensa investigação foi a Custódia da Bemposta, a atribuição a Ludovice era mera tradição de 1800, o seu autor foi o ourives francês Poilet.

A limpeza da “Adoração dos Pastores”, tela de Domingos Sequeira, adquirida através de uma recolha de fundos em 2016, permitiu redescobrir as fascinantes cores e pormenores. O quadro estava amarelecido por oxidação de vernizes colocados nos séculos XIX e XX.

António Filipe Pimentel sintetiza que a exposição fala da descoberta do museu enquanto instituição e da descoberta de nós mesmos, porque quando contemplamos um museu também aprendemos algo sobre nós".

 

António Brás

MNAA I Descobrir o Museu de Arte Antiga

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