
Carlos Relvas I O Pioneiro
![]() Atelier fotográfico de Carlos Relvas em construção 1873-1874 Golegã | ![]() Auto-retrato 1868-1869 | ![]() Carlos Relvas montado a cavalo com traje de cavaleiro tauromático. c 1875 |
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![]() Duas senhoras debaixo das raizes de uma oliveira centenária. c. 1880 | ![]() Cais da Ribeira e Ponte Pêncil. 1865-1870 | ![]() Marinha c. 1880 |
![]() Castelo de Almorol. c. 1868 | ![]() Entrada e escadaria do Palácio de Monserrate. Sintra. 1870-1875 | ![]() Mulher posando junto a vaso de flores. c. 1890 |
![]() Figura popular . 1870-1880 | ![]() Salva em prata dourada. Séc XVI. Colecção de D. Luís (Palácio Nacional da Ajuda). Maio Jumho 1882 |
No século XIX, um latifundiário ribatejano traz para Portugal um objecto chamado “câmara-escura”. O resultado é visivel na exposição que o Museu do Chiado dedica ao fotógrafo
No mês de Setembro de 1862, um extraordinário acontecimento ocorrido na Golegã passa completamente desapercebido do público; um jovem de 24 anos regista, através de uma caixa de lentes e foles, imagens da lezíria e das pessoas da região. Chama-se Carlos Relvas, apelido que iria ficar ao mundo da fotografia para sempre.
Com esse seu gesto, essa sua ousadia, ele marcava a introdução da fotografia em Portugal. A imensa fortuna de que dispunha permitia-lhe viajar pela Europa onde descobriria , e adquiriria, os melhores equipamentos da nova arte emergente. Apaixonado pore la, conviveu de perto com os seus pioneiros, não mais o deixou.
Máquina ousadíssima
Regressado à sua terra, Golegã, mandou edificar um magnífico palacete de ferro e vidro, onde instalou um sofisticado estúdio fotografico. Aí desenvolveu técnicas novas (como “provas a carvão”, destinadas a acentuar os efeitos da luz e das sombras) e inventou uma câmara fantástica – que uma empresa dos Estados Unidos aproveitaria e, no future, haveria de comercializar.
Os negativos que reteve ao longo da vida (retratos, corpos, paisagens, monumentos e objectos de arte) reflectem um estilo, um domínio, uma sensibilidade que o tornaram uma referência internacional.
No vasto espolio que nos legou destaca-se o levantamento fotográfico de meio milhar de obras de arte portuguesas, efectuado durante a célebre Exposição de Arte Ornamental que obteve um êxito estrondoso, mais de 100 mil visitantes em três meses.
O evento em que foram mostradas peças dos séculos XII ao XVIII (provenientes de colecções portuguesas, espanholas e inglesas) realizou-se em 1882 no Palácio Alvor, dando origem ao Museu de Arte Antiga. Esse levantamento, o primeiro do nosso património, seria editado em álbum de grande qualidade que o próprio Carlos Relvas financiou e realizou.
Gentes das lezírias
O fotografo imortalizou as paisagens e gentes das lezírias em milhares de obras, em magníficas obras, hoje fundamentais da história da fotografia.
atingindo a genialidade nos retratos que fez, de impressionante recorte expressivo, dos camponeses e desfavorecidos do Ribatejo.
O vasto acervo do artista guardado na Casa-Atelier Carlos Relvas,instalada no estúdio que mandou edificar na Golegã, objecto de grandes obras por iniciativa da edilidade local nos últimos anos. No espaço destacam-se, ainda, os seus equipamentos e os numerosos prémios internacionais que exemplificam uma carreira internacional.
Carlos Relvas desaparece em 1894, a filha Margarida torna-se uma fotografa de talento, infelizmente quase esquecida.
O museu da Golegâ é um dos raros espaços da fotografia de 1800 preservado quase integralmente, evoca-nos Carlos Relvas e os primeiros passos da fotografia em Portugal, que podemos observar nesta exposição no Museu do Chiado.
António Brás