
3º. Visconde de Vila Nova de Gaia I Um investigador incansável
![]() Brasão a aguarela assinada por João Loureiro de Figueiredo | ![]() Luís Sttubs com a mãe | ![]() Luís Stubbs – 3º. Visconde de Vila Nova de Gaia, ainda em criança |
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![]() O 3º. Visconde de Vila Nova de Gaia em idade escolar | ![]() O Visconde de Vila Nova de Gaia, numa foto tirada em Lisboa, nos seus tempos universitários em Coimbra, embora adolescente já era investigador. | ![]() Medalha de Prata do Colégio de Armas e Consulta Heráldica - Brasil |
![]() Medalha de Prata do Colégio de Armas e Consulta Heráldica - Brasil | ![]() Diploma da American Internacional Academy de Nova Iorque ao Sr. Luis Subbs Saldanha Monteiro Bandeira – classe: “The Star ans Cross of Academie Honor datado de 1958 | ![]() Diploma de Sócio Efectivo dos Arqueólogos Portugueses datado de 1960 |
![]() Diploma de Sócio Efectivo concedido ao Visconde Vila Nova de Ga ia, em 1968 | ![]() Capa do último livro do Visconde de Vila Nova de Gaia, editado em 1985 | ![]() Foto do Visconde de Vila Nova de Gaia em 1983 |
![]() Os terceiros viscondes de Vila Nova de Gaia, Sr. Luís Stubbs e senhora Dona Ana Correia num jantar de confraternização em 1989 |
Considerado um dos maiores vultos nos estudos da heráldica, armaria militar e nobiliárquica, Luís Stubbs da Bandeira, 3º. Visconde de Vila Nova de Gaia, tornou-se uma referência nesta área.
A sua vida foi passada entre pergaminhos e alfarrábios - estudos fundamentais para a nossa história.
Ao longo de décadas publicou obras de peso mundial, tendo sido eleito sócio honorário e vitalício de inúmeras academias, entre as quais a American International Academy.
Descendente do Marquês de Pombal e do Duque de Saldanha, Luís Bandeira, como gostava de ser tratado, despertou cedo para os assuntos de história.
Luís Stubbs Saldanha Monteiro Bandeira, de seu nome completo, nasceu no Porto em 1901, no seio de uma família nobre com ascendência inglesa, ligada às grandes casas senhoriais portuguesas. Frequentou estudos superiores em Coimbra, que abandonou para se tornar, segundo as suas palavras, “apenas investigador”. Durante décadas viveu entre um palacete no Porto e um amplo apartamento em Lisboa. Não se deixando isolar, desenvolveu uma importante actividade cultural, através de inúmeros livros e conferências. Na editora que fundou publicou gravuras das cidades de Lisboa e Porto. Paralelamente dedicou-se ao estudo das armas familiares, registadas em aguarelas por João Loureiro de Figueiredo.
Em 1969 casou com Ana Ramalho Correia, professora de liceu, a qual se tornou uma dedicada colaboradora de toda a sua vida.
Miguelista convicto
Ao longo da vida, o Visconde de Vila Nova de Gaia assumiu-se Miguelista ferrenho, não perdendo oportunidades para lançar as culpas dos problemas políticos oitocentistas em D. Pedro IV. “Um falido”, afirmou, “que roubou os impostos do Brasil para vir para Portugal armar aquelas zaragatas todas e provocar a destruição da monarquia”.
O velho senhor considerava que “nobres e dons são coisas do passado”.
Viveu do seu trabalho, sublinhando que os monárquicos têm de fazer pela vida”.
Nos Anos 70, ele e a mulher fixaram-se em Lisboa. As dificuldades começaram a espreitar. O casal abandonou a casa de 17 divisões e muda-se para um apartamento na Avenida de Roma. A editora, dado o seu valor cultural, fixa-se no Palácio dos Coruchéus, num espaço cedido pela Câmara Municipal de Lisboa.
O 25 de Abril afecta-o profundamente. O mercado editorial estagna, obrigando-o a desfazer-se de grande parte da sua biblioteca. Organiza cinco leilões, o último dos quais envolveu a venda de 4 mil volumes. Sem amargura, Luís Stubbs atira tudo para trás das costas: “Ora! Amanhã morro e sempre deixo alguma coisa à minha mulher”.
Nos Anos 90, contando nove décadas de vida, Luís Bandeira continua activo, participando em conferências, colóquios e investigações.
Ao morrer, em 1994, aos 93 anos, deixa inédito o manuscrito “Santo António Militar”, obra que a viúva entregou à Academia Portuguesa de História.
Toda a sua obra, sintetiza ao nível do estudo da armaria militar, da ciência heráldica, da origem dos apelidos usados em Portugal, das armas da nobreza e títulos nobiliárquico, uma visão ímpar da nossa história.
António Brás
CRONOLOGIA DA OBRA DO 3º. VISCONDE DE VILA NOVA DE GAIA
1960/61/63 – Livro de Linhagens, I – II - III volumes
1962 – Panorâmica do Porto e da Foz, na Armaria de Vila Viçosa
1963/1993 - Colabora na Enciclopédia Luso-Brasileira, sob a designação de Gabinete de Estudos Heráldicos e Genealógicos
1965 – A Capela da Rua de Peralves Sêco, em Tomar
1966 – A cópia inédita do nobiliário do Conde D. Pedro, existente na Universidade de Leyden
1969 – Santa Senhorinha, Santa Medieval, ascendente de três famílias ilustres residentes na cidade do Porto
1976 – São Rosendo, um possível estudo genealógico segundo nobiliário do Conde D. Pedro
1976 – Uma História Velha
1977 – Um Enigma Heráldico
1981 – Uma preciosa relíquia da Batalha de Aljubarrota
1984 – Berço Manuelino, recuperado ao largo das Berlengas
1985 – Vocabulário Heráldico
UMA VIDA
1901 – Luís Stubbs nasce no Porto a 23 de Agosto de 1901, único filho dos II Viscondes de Vila Nova de Gaia
1919 – Inicio dos Estudos em Coimbra
1924 – Primeiros estudos heráldicos. A par da administração do património familiar, participa em conferências, colóquios e simpósios com comunicações.
1958 – Eleito membro da American International Academy
1960 – Sócio efectivo da Associacão de Arqueólogos Portugueses
1962 – Sócio – correspondente do Instituto Genealógico Brasileiro
1963 – Condecorado com a Ordem Militar e Hospitaleira de São Lázaro de Jerusalém
1968 – Sócio efectivo da Sociedade de Geografia
1969 – Casamento com Ana Ramalho Correia, dedicada colaboradora até ao fim da vida
1979 – 1989 – Leilão da sua importante biblioteca, provavelmente a mais relevante entre nós ao nível da heráldica e genealogia.
1994 – Morre em Lisboa, aos 93 anos. As suas cinzas são lançadas, por desejo próprio, ao rio Douro.
Deixa inédito o estudo “Santo António Militar”, doado pela viúva à Academia de História. O remanescente da sua biblioteca é leiloada.
2019 – Morre, aos 90 anos, a 23 de Setembro na Costa de Caparica, Ana Ramalho Correia, 3ª. e última viscondessa de Vila Nova de Gaia.
Leilão na Bestnet de obras de arte longamente preservadas pelo casal no apartamento da Av. de Roma.
Doação por Hélder Correia, sobrinho dos viscondes, do seu espólio ao arquivo da Fundação da Casa de Bragança.
AGRADECIMENTO
As fotos, livros, diplomas e condecorações foram cedidas pelo “marchand” de arte Hélder Correia.