A Sociedade Nacional de Belas Artes apresenta até i de Maio de 2023, uma magnífica exposição com o título “Uma Terna (e Política) Contemplação do que Vive”, uma seleção de 120 obras da colecção privada do casal Norlinda e José Lima, que nos leva a reflectir sobre o significado de ser livre através de obras de arte.

 

A colecção privada de Norlinda e José Lima, um casal apaixonado pela arte cujo acervo já ultrapassa as 1300 obras de arte, foi construída, maioritariamente, em contexto democrático, e reflecte a criação durante uma época das vanguardas artísticas que marcaram as décadas de 1960/70 e que acompanharam, e anteciparam, um mundo em mudança.

 

A mostra tem curadoria de Helena Mendes Pereira, directora da Zet Gallery, de Braga, e reúne trabalhos seleccionados entre as mais de 1.300 peças que compõem a Colecção de Arte Moderna e Contemporânea Norlinda e José Lima, há 10 anos em depósito no Centro de Arte Oliva, em São João da Madeira. Reconhecendo que a história de vida e as opções artísticas desse casal de coleccionadores influenciaram as suas tendências de arte.

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José Lima é empresário do sector do calçado e com a sua mulher são proprietários de uma das maiores colecções privadas de arte contemporânea no país a qual conta com mais de mil e trezentas obras reunidas ao longo de três décadas atraído pelas artes.

 

Além da extensão cronológica, o acervo desta coleçcão particular destaca-se pela diversidade disciplinar e a geografia dos artistas, juntando nomes vindos de Portugal, Espanha, Alemanha e do leste da Europa, mas também dos Estados Unidos da América, de vários países da América Latina, África e Ásia. 

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Esta multiplicidade geográfica, geracional e de currículo dos artistas é um dos factores que permite levar o visitante a conhecer e percorrer o mundo e pelo tempo do contemporâneo através das obras de arte. 

 

Em 2023, assinalam-se 10 anos que a coleção Norlinda e José Lima está em depósito no Centro de Arte Oliva, em São João da Madeira e, por essa razão a "zet gallery" e a sua curadora, Helena Mendes Pereira, organizou duas grandes exposições representativas da colecção. 

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De 13 de Maio a 30 de Setembro de 2023, o Forum Cultural de Cerveira acolhe outra seleçcão da coleçcão Norlinda e José Lima, com o mesmo número aproximado de obras e com o mesmo tema.

 

Já no último trimestre do ano, terá lugar a publicação de um grande livro com um estudo da colecção Norlinda e José Lima, assinado também pela Zet Gallery. 

 

Acerca das opções do casal, a curadora afirmou: “Não obstante a sua escolha ser altamente intuitiva e emocional, no exercício de contemplação que se exige na relação com a obra de arte, há uma tendência por artistas activistas, a quem conhecemos opinião e acção. Essa escolha, consciente ou inconsciente, faz desta uma colecção para pensar a Liberdade, para a louvar, para a preservar”.

 

Helena Mendes Pereira teve de diminuir a mostra da Sociedade de Belas Artes a menos de um décimo da Colecção Norlinda e José Lima, o que considera “muito limitativo”, mas está segura da selecção que fez das obras à sua disposição, com base em critérios como o impacto da mensagem e o grau de novidade da obra.

 

A curadora destacou ainda duas das suas opções, como as pinturas da americana Nan Goldin, “relacionadas com a violência doméstica”, e do espanhol Enrique Marty, “que tem trabalhos muito políticos e com mensagens muito fortes”.

 

Outro ponto importante desenvolvido foi o das obras inéditas, pelo que a mostra exibe aquisições mais recentes da Colecção Norlinda e José Lima, como as do artista contemporâneo Fernão Cruz, da escultora Inês Osório e do fotógrafo americano Andrew Moore.

 

Entre os vários criadores representados em “Uma terna (e política) contemplação…” incluem-se ainda Julião Sarmento, Mário Cesariny, Cindy Sherman, Francisco Tropa, Julian Opie, António Charrua e Mel Bochner.

 

“Evitei obras já muito vistas e artistas mais óbvios, não esquecendo , claro, nomes importantes como Helena Almeida ou Andy Warhol. Fizemos ainda questão de trazer autores internacionais como Anish Kapoor”, adiantou a curadora.

 

O mesmo se aplica à artista portuguesa que morreu em junho de 2022: “Temos nestas peças expostas um trabalho extraordinário da Paula Rego”.

 

Até 08 de Abril, o propósito de Helena Mendes Pereira é assim dar a conhecer autores cujo trabalho leva a pensar no “significado de ser livre”, no que pretende igualmente proporcionar ao visitante uma oportunidade de “percorrer pela História da Arte Contemporânea” e explorar o seu potencial comunicativo.

 

“Todas as obras foram escolhidas minuciosamente e com a certeza de que farão reflectir sob o ponto essencial desta exposição, que é pensar a liberdade e as transformações da sociedade nas últimas décadas", concluiu.

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Theresa Beco de Lobo