
Renzo Piano I A Arte de Projectar Edifícios
![]() Vista Exterior com as Tubagens e as Estruturas do Centro Georges Pompidou, Paris (1971/1977). Arquitectos: Renzo Piano e Richard Rogers. Fotografia: Ian Dagnall Alamy Stock Photo. Créditos da fotografia: © Ian Dagnall Alamy Stock Photo. Cortesia Victoria and Albert Museum, London. | ![]() Pormenor da Fachada com as Tubagens e as Estruturas do Centro Georges Pompidou, Paris (1971/1977). Arquitectos: Renzo Piano e Richard Rogers. Fotografia David Noble. Cortesia Rogers Stirk Harbour + Partners. | ![]() Centro Botín, Santander, 2017. Fotografia: Enrico Cano. Colecção Renzo Piano Building Workshop. Cortesia Royal Academy of Arts, London. |
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![]() The Shard, London Bridge Tower e London Bridge Place, London, 2012. Fotografia: William Matthews, RPBW. Créditos da fotografia: © William Matthews © RPBW. Colecção Renzo Piano Building Workshop. Cortesia Royal Academy of Arts, London. | ![]() Jean-Marie Tjibaou Cultural Centre, Nouméa, 1998. Renzo Piano Building Workshop. Fotografia: Sergio Grazia-ADCK - centre culturel Tjibaou/RPBW. Créditos da fotografia: © Sergio Grazia © ADCK - centre culturel Tjibaou/RPBW. Colecção Renzo Piano Building Workshop | ![]() Jean-Marie Tjibaou Cultural Centre, Nouméa, 1998. Renzo Piano Building Workshop. |
![]() Whitney Museum of American Art, New York, 2015. Fotografia:Nic Lehoux.RPBW. Créditos da fotografia: © Nic Lehoux. © RPBW. Colecção Renzo Piano Building Workshop. Cortesia Royal Academy of Arts, London. | ![]() Vista do Whitney Museum of American Art, através da Gansevoort Street, New York. Fotografia: Ed Lederman, 2015. Cortesia Whitney Museum of American Art, New York. | ![]() Vista de uma das Fachadas do Whitney Museum of American Art, New York. Fotografia: Nic Lehoux. Cortesia Whitney Museum of American Art, New York. |
![]() Vista da Gansevoort Street, New York, 2015. Fotografia:Ed Lederman, 2015. Cortesia Whitney Museum of American Art, New York | ![]() Jérôme Seydoux Pathé Foundation, Paris, 2014. Fotografia: Michel Denancé. RPBW. Créditos da fotografia: © Michel Denancé. © RPBW. Colecção Renzo Piano Building Workshop. Cortesia Royal Academy of Arts, London. | ![]() Isabella Stewart Gardner Museum, Boston. |
![]() Ao fundo o Isabella Stewart Gardner Museum, Boston. | ![]() . A vista exterior da entrada Evans Way Park da nova extensão do Isabella Stewart Gardner Museum. Mural exterior “Ailanthus” do artista Stefano Arienti. Fotografia: Nic Lehoux / Renzo Piano Building Workshop Cortesia Isabella Stewart Gardner Museum, Boston. | ![]() A vista exterior da entrada Evans Way Park da nova extensão do Isabella Stewart Gardner Museum. Mural exterior “Ailanthus” do artista Stefano Arienti. Fotografia: Nic Lehoux / Renzo Piano Building Workshop Cortesia Isabella Stewart Gardner Museum, Boston. |
![]() A vista exterior Evans Way Park da galeria de exposições da nova extensão do Isabella Stewart Gardner Museum. Fotografia: Nic Lehoux / Renzo Piano Building Workshop Cortesia Isabella Stewart Gardner Museum, Boston. | ![]() A vista da escadaria central no interior da nova extensão do Isabella Stewart Gardner Museum. Fotografia: Nic Lehoux / Renzo Piano Building Workshop Cortesia Isabella Stewart Gardner Museum, Boston. | ![]() . A torre foi desenhada pelas companhias Renzo Piano Building Workshop e FXFOWLE Architects, e o design interior ficou a cargo de Gensler, 2003/2007. |
![]() A torre foi desenhada pelas companhias Renzo Piano Building Workshop e FXFOWLE Architects, e o design interior ficou a cargo de Gensler, 2003/2007. |
“A arquitectura é uma arte socialmente perigosa, porque é uma arte imposta. Podemos não ler um livro feio, não ouvir uma música com uma má composição; mas não podemos optar por não ver o edifício desagradável que temos mesmo em frente da nossa casa”
Renzo Piano
A aventura de Renzo Piano começou há mais de quarenta anos em Paris, com o projecto do Centro Georges Pompidou, um dos símbolos da capital francesa do século XX. Desde então, a sua carreira está repleta de concepções que conjugam o passado e o futuro: desde do museu de Houstononde está a colecção Menil, ao Nasher Centro de Escultura, em Dallas; do Terminal do Aeroporto de Kansai, em Osaka; do museu da Fundação Beyeler, na Basileia; ao centro cultural o Jean-Marie Tjibaou, Noumea, Nova Caledónia; até ao Auditório de Roma.
Quando a obra do Centro Georges Pompidou (Centre National d’Art et de Culture Georges Pompidou), em Paris,foi terminada em 1978, tornou-se logo a sensação da década. Já não se tratava de um edifício, mas sim de uma máquina, a “machine à émouvoir” preconizada por Le Corbusier. Só numa segunda análise se pode aperceber em que consiste a máquina: uma série de plataformas iluminadas artificialmente, um pavilhão multiusos de seis pisos. No interior, enormes espaços escuros servem como mero recipientes para as instalações que vão variando.
Piano, funcionalista engenhoso, aprofundou durante a sua carreira os seus conhecimentos sobre iluminação. Um dos exemplos dessa sua investigação, é a Colecção Menil (Menil Collection Museum), em Houston, inaugurada em 1986, onde a luz natural: luz zenital, vem de cima, do tecto. Para este efeito, Piano desenvolveu um elemento estrutural que determinou todo o museu: um tecto translúcido.
Para Renzo Piano, “A luz não possui apenas uma intensidade, mas também é a vibração que consegue encrespar um material liso e confere à tridimensionalidade uma superfície plana. A luz, a cor, a estrutura do material, são parte de uma paciente obra em curso que faz parte do meu ofício”.
Tendo em vista controlar o ambiente e consequentemente controlar a luz, Piano inventou coordenados de cobertura.
Piano reflectiu, tomou medidas, experimentou tudo. Ele acredita na ideia do arquitecto como génio, em cujo cérebro e coração nasce a concepção divina. Tentativa e erro - Primeiro no papel, depois na maqueta, finalmente numa de escala de 1:1 - o método deste arquitecto prático, homem de ciência, Renzo Piano.
Quando Ernst Beyeler viu o Menil Collection Museum, em Houston, ficou convicto das capacidades de Piano, convidou-o então a projectaro museu da Fundação Beyeler, em Basileia.
“Calme, luxe et volupté” eram as exigências de Ernst Beyeler para o seu museu. A calma é evidente. Ela é conseguida a partir da concentração no interior e com a luz que incide de cima. O luxo é, no entanto, invisível. É a ausência de pormenores, a dissimulação do equipamento tecnológico, limitação das superfícies. Et la volupté? Ela é a união entre a colecção e o edifício. O prazer de admirar a arte num espaço sereno.
Entre as obras emblemáticas Renzo Piano, destacam-se dezasseis dos seus projectos mais emblemáticos, desde o início da sua carreira quando iniciou a experimentação dos sistemas estruturais inovadores, até aos edifícios da actualidade. Entre os destaques estão o Centre Pompidou, Paris (1971) o Centro Cultural Jean-Marie Tjibaou, Nouméa (1998), The New York Times Building (2007), The Shard, Londres (2012), Fundação Jérôme Seydoux Pathé, Paris (2014) e Whitney Museu de Arte Americana, Nova Iorque (2015).
Em 2012, Renzo Piano projectou as novas galerias do Isabella Stewart Gardner Museum, em Boston. A ampliação do museu foi projectada por este arquitecto e representa uma presença significativa numa cidade como Boston, conhecida pelo seu notável património arquitectónico.
O inconfundível traço do arquitecto italiano expressa-se, mais uma vez, na combinação precisa de aço e vidro, que nesta obra resulta numa caixa transparente com uma cobertura iluminada através de uma clarabóia.
As novas galerias ao edifício do museu em estilo neo-renancentista com influência de um palácio veneziano do século XV , apesar de construído em 1903 pela milionária Isabella Stewart Gardner., estão ligadas por um corredor, contraatando entre o antigo e o contemporâneo o que reforça o valor das obras expostas, (pintura, escultura, móveis, desenhos, objectos e tapeçaria. Estas obras datam desde a antiga Roma, Europa Medieval, Renascimento Italiano, Ásia, mundo Islâmico até ao século XIX. As novas galerias envidraçadas, porém, abrigam unicamente 185 m² de área expositiva.
Renzo Piano em 2015 criou o Whitney Museum of American Art. O edifício foi projectado num espaço de 220 mil metros quadrados, inclui 13 mil metros de galerias ao ar livre, o que significa o dobro do tamanho da sua antiga casa no Upper East Side. O edifício é descrito como um prédio "moderno industrial", a construção é uma mistura excêntrica de formas e ângulos com muitas extensões de vidro do chão ao tecto. Acerca deste projecto, Donna De Salvo, curadora do museu, apontou as oportunidades que o projecto apresenta para criar "novas narrativas sobre a forma como pensamos a arte americana. O espaço foi a grande conquista deste museu. Agora, dois andares são designados para a colecção permanente; outros dois andares e o lobby para as exposições temporárias e os elevadores são personalizados com obras do artista Richard Artschwager. Além disso, a galeria sem colunas pode conter múltiplas exposições ou uma única mostra. Quatro terraços ao ar livre fornecem também um lugar para esculturas, instalações e projecções. Cada secção apresenta ainda obras em todas as técnicas- pintura, fotografia, vídeo, instalação e desenho”.
O museu está situado no número 99 da Gansevort Street, no Meatpacking District, a instituição arte tem tudo para ser um dos novos protagonistas da cidade de Nova Iorque.
Outros destaques incluem as varetas de cerâmica branca do The New York Times Building, produzidas para testar a sua escala, superfície e reflectividade. . A torre foi desenhada pelas companhias Renzo Piano Building Workshop e FXFOWLE Architects, e o design interior ficou a cargo de Gensler, conhecido pela inovação, em que milhares de pequenos tubos de cerâmica dispostos horizontalmente em frente a uma parede de vidro, formam uma parede dupla envidraçada,uma elevada parede de vidro ao redor do prédio reduz o resfriamento deste, A torre possui numerosas características do desenvolvimento sustentável. A principal delas é a arquitetura do prédio que maximiza a luz natural, mantendo a conexão com o lado de fora. Cortinas mecanizadas, trabalhando em conjunto com mais de 20,000 lâmpadas fluorescentes, mantendo estável o nível de claridade enquanto economiza a energia.
Em 1989 apresentou os desenhos originais de competição do Centro Cultural Jean-Marie Tjibaou em Noumea, os quais impressionaram o júri do prémio Pritzker, em 1998. Piano optou em Noumea pelo design arrojado todo realizado em madeira do Centro Cultural, homenageando e celebrando a própria cultura kanak, já que cada prédio do Centro Cultural lembra as casas formando uma “vila”. O objectivo era solicitar ideias para um centro que iria celebrar a cultura nativa Kanak da Nova Caledónia e, no processo, acalmar as tensões étnicas que vinham cronicamente a deteriorando-se entre o povo Kanak e outros habitantes da ilha.
Os trabalhos deste arquitecto têm como objectivo de mostrar como criar edifícios é um gesto cívico e uma responsabilidade social e Piano acerca desta concepção afirmava o seguinte:” Eu acredito apaixonadamente que a arquitectura é como criar um lugar para as pessoas se unirem e compartilharem valores”.

O Arquitecto Italiano Renzo Piano no seu workshop em Paris, 2015 I Fotografia: Francois Mori/AP/REX/Shutterstock.
Renzo Piano
Renzo Piano nasceu em Genova em 1937 no seio de uma família de construtores. Enquanto estudava no Politécnico da Universidade de Milão, trabalhou no escritório de Franco Albini. Em 1970, montou o escritório da Piano & Rogers em Londres, juntamente com Richard Rogers RA, com o qual venceu o concurso para o Centre Pompidou. Posteriormente mudou-se para Paris.
Do final da década de 1970 até a década de 1990, trabalhou com o engenheiro Peter Rice, dividindo o Atelier Piano & Rice de 1977 a 1981. Em 1981, foi criado o Renzo Piano Building Workshop, agora com 150 funcionários divididos entre escritórios em Paris e Genova.
Em 1984 foi-lhe atribuído o Prémio Pritzker da Arquitectura, que corresponde ao galardão máximo dado à Arquitectura Contemporânea e muitas vezes apontado, como o “Nobel da Arquitectura”. Este prémio surgiu em 1979, através da família Pritzker de Chicago, donos da cadeia de Hotéis Hyatt, para homenagear oarquitecto com maior criatividade durante esse ano e ao mesmo tempo premiar o projecto, que tivesse contribuído de uma forma significativa para a comunidade onde essa obra estava inserida.
Em 2004 criou a Fundação Renzo Piano, uma organização sem fins lucrativos dedicada à promoção da profissão de arquitectos através de programas e actividades educacionais. A nova sede foi estabelecida em Punta Nave (Genova), em Junho de 2008. Em Setembro de 2013, Renzo Piano foi nomeado senador vitalício pelo presidente italiano Giorgio Napolitano e em Maio de 2014 recebeu o título honorário da Universidade de Columbia.
Renzo Piano tem sido aplaudido internacionalmente, através dos seus projectos extremamente inovadores, como por exemplo: a Colecção Menil (Menil Collection Museum), em Houston, a Fundação Beyeler (Beyeler Foundation Museum), na Basileia; o Nasher Centro de Escultura (Nasher Sculpture Center), em Dallas e a reconstrução do Potsdamer Platz, em Berlim, entre outros.
Renzo Piano foi seleccionado em 1998 pelos administradores do Isabella Stewart Gardner Museum para projectar a extensão do museu, composta por quatro novos edifícios.
Para além do projecto de Boston, Piano está a realizar novos trabalhos para o High Museum of Art, em Atlanta, o Pierpont Morgan Library, em Nova Iorque, o Art Institute of Chicago, o California Academy of Sciences, em San Francisco e o Whitney Museum of American Art, em Nova Iorque.
A empresa “Renzo Piano Building Workshop”, foi também seleccionada para riscar o novo edifício para o “New York Times”, o campus para a Universidade de Columbia de Nova Iorque, a “London Bridge Tower” e ainda o projecto Braço de Prata (recuperação urbana da degradada zona lisboeta de Braço de Prata -1999), em Lisboa. A ideia subjacente ao projecto de Piano para o bairro ocidental de Lisboa foi associar uma mistura de funções habitacionais, comerciais e de escritório. “Desta forma, devolve-se qualidade a uma zona condenada a ser periférica nas últimas décadas”, afirmou Renzo Piano.
Estes projectos salientam métodos inovadores de construção, uso de novos e revolucionários materiais, atenção em relação à luz e à iluminação natural dos edifícios e ainda sensibilidade para os problemas ecológicos e de ambiente para cada local proposto.
Piano estabeleceu a luz e a tecnologia como um ponto de partida para os seus projectos. Incentivou as suas pesquisas para criar um carácter arquitectónico baseado em formas tecnológicas com uma preocupação constante pelo conforto e funcionalidade.
Revela-se em Renzo Piano uma busca constante de uma maior clareza sobre as suas experiências na luz e no espaço, criou estruturas arquitectónicas que são pessoais, audazes e originais.
Theresa Bêco de Lobo