
Pedras Gravadas I Camafeus e gravações em peças do joalharia
da Colecção Privada de Guy Ladrière
![]() Cartaz da Exposição: Pedras Gravadas: Camafeus, Entalhes e Anéis da Colecção Privada de Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Hércules a Matar o Leão. Sicília, século XIII. Camafeu de Pedra Sardónica sobre um anel de ouro esmaltado. Fotografia: © Benjamin Chelly Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() O Imperador Augusto. Atribuído a Dioscorides, início do século I d.C., Rubi gravado em Entalhe. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. |
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![]() Caça ao javali, na Antiguidade. século XV. Camafeu em pedra sardonica montado em placa. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Perfil de Marcus Vipsanius Agrippa. Século XVIII. Ametista gravada em entalhe sobre um anel. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Imagem de Hércules. Itália, século XVI. Camafeu em pedra sardó nica, moldura em bronze dourado. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. |
![]() Imagem de Ana da Áustria. França, século XVII. Camafeu em pedra sardónica (entalhe por detrás). Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Alexandre o Grande como Zeus-Ammon. Itália, meados do século XVI. Camafeu em pedra sardónica. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Perfil de Francisco I. Matteo del Nassaro. Camafeu em pedra sardónica numa moldura de ouro. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. |
![]() Rinoceronte, conhecido como a Maravilha de Lisboa. Jacopo da Trezzo (cerca 1515-1589). Camafeu em pedra sardónica. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Elisabeth I (1533-1603), Milão, final do século XVI Camafeu em Ágata de Grison. Fotografia: © Didier Loire. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Imagem de Júpiter. Roma, início do século III d.C. Camafeu em pedra sardónica sobre uma caixa de ouro de Gabriel Morel. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. |
![]() Osiris Canope Chalcedonia. Império Romano, Montagem em prata dourada do século XVII. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() A Imagem de Antónia, a Mais Nova como Juno. Roma, século XIX. Camafeu em pedra sardonica Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Sinete do Bispo Teudefredus. Reino Visigótico, séculos VII/VIII. Anel de ouro. Fotografia: © 2021 Didier Loire. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. |
![]() Comerciante Nathaniel (1739-1816). Torquato Tasso (1544-1595). Camafeu em vidro montado em ouro. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Perfis masculino e Feminino. Holanda ou Alemanha, século XVI. Camafeu em ágata. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Perfil de Ana da Áustria. França, século XVII. Camafeu em pedra sardónica (entalhe por detrás). Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. |
![]() Cabeça de Leão. Pérsia, século VI-IV a.C. Incrustação em calcedónia. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Imagem do Imperador Tito (39-81 d.C.). Roma, Século I d.C. Calcedónia. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Harpocrates (Criança de Horus). Roma, século III d.C. Anel em ouro. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia |
![]() Antónia a mais Nova como Juno. Roma, século XIX. Camafeu em pedra sardónica. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Imagem de um Homem Ajoelhado. Etrúria, século V a.C. Entalhe em pedra cornalina e montagem em ouro. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Perfil de uma Mulher. Século XVIII. Entalhe em pedra sardónica sobre um anel em ouro. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. |
![]() Selo de Águia com Monograma. Bizâncio, século VI/VII. Cristal de rocha. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Imagem de um Homem com um Arnês. Alemanha, século XVII. Camafeu em turquesa montado em ouro. Fotografia: © Benjamin Chelly. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. | ![]() Cavalo e Cavaleiro. Atelier "Greco-Persa", séculos IV-III a.C., Entalhe em pedra cornalina. Fotografia: © 2021 Didier Loire. Créditos da imagem: © Collection Guy Ladrière. Colecção Guy Ladrière. Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. |
![]() Rei René de Anjou (1409-1480). Matthieu Pigne. Camafeu em pedra sardónica sobre um pino de ouro. Fotografia: © 2021 Didier Loire. Colecção Guy Ladrière, Cortesia L‘ÉCOLE, School of Jewelry Arts, em Paris. |
De 12 de Maio a 1 de Outubro de 2022, L'ÉCOLE, Escola de Artes de Joalharia em Paris, apresenta a arte das jóias gravadas, desde a Antiguidade até ao século XIX. Reúne entalhes gregos e neoclássicos, camafeus antigos e medievais, pequenas esculturas do período imperial, anéis sinetes merovingeos anéis episcopais,todas as facetas da longa história da arte glíptica (arte de gravar em pedras preciosas).
As pedras gravadas em relevo ou camafeus e entalhes encarnam o desenvolvimento da gravura em miniatura. Oferecem uma impressionante viagem através da história humana e mineralógica: desde o selo do imperador romano aos amuletos usados pelos antigos guerreiros para se protegerem no campo de batalha, da pedra gravada do homem medieval à aliança de casamento, são objectos públicos e íntimos, tanto para adorno como para colecção.
Uma vez que as suas montagens mudavam frequentemente e as mais célebres eram frequentemente copiadas, as jóias gravadas são especialmente difíceis de datar e identificar. Durante cada período, têm sido objectos de fascínio. Os Romanos foram atraídos pela arte grega, os artistas renascentistas procuraram reviver a arte antiga, os viajantes durante o “Grand Tour” e colecionadores neoclássicos do século XIX, estudaram e coleccionaram apaixonadamente estas pedras.
Através do estudo da magnífica colecção privada de Guy Ladrière, o público pode admirar numa introdução à história da arte glíptica na L'ÉCOLE, Escola de Artes de Joalharia em Paris. Cerca de duzentas peças estão em exposição, desde a Antiguidade grega até ao século XIX, proporcionando assim ao visitante um panorama de técnicas e estilos.
Arte Glíptica
Inicialmente as pedras gravadas eram selos portáteis utilizados para imprimir o desenho escolhido pelo utilizador em cera ou argila, a fim de ratificar documentos e objectos, num tempo anterior à existência de assinaturas. Mais tarde tornaram-se peças de moda e não de função, e foram usados para significar os interesses, lealdades, crenças e persuasões do proprietário.
A tradição dos selos de impressões começou na Mesopotânia cerca de 5.000 anos atrás, quando os selos de impressão e cilindros eram prensados e enrolados em argila húmida. A partir daí, propagou-se gradualmente por toda a Grécia, Pérsia e Egipto.
Por volta do século XVI a.C., a Civilização Minoica começou a fazer pequenos selos de impressão e rectangulares. A tradição perdeu-se na I do Bronze, mas reapareceu no séc, VI c/pequenos entalhes, com a face inferior gravada.
Durante o século V a.C., o detalhe das pedras gravadas tornou-se mais fino, e no século III a.C. as conquistas de Alexandre o Grande permitiram o fluxo de novas pedras exóticas em torno do mundo helenístico.
Os romanos continuaram a tradição helenística de entalhes e camafeus. O escritor romano Cícero observou que todos gostavam de usar pedras nos seus anéis. Com os retratos preferidos dos seus filósofos.
Os romanos também começaram a fazer vidro a partir do qual os camafeus podiam ser cortados, permitindo camadas de cor consistentes e previsíveis.
Figuras mitológicas, estudos de animais e retratos eram temas comuns em todos os períodos de produção de pedras gravadas. Alguns exemplos também têm inscrições que identificam os seus proprietários (escritas ao contrário, para serem correctamente vistas quando impressionadas).
Ocasionalmente, o nome do artista que gravou a pedra também era incluído. O escultor Dioskourides era conhecido da literatura antiga como o gravador da corte do imperador romano Augusto.
Alguns entalhes e camafeus romanos eram frequentemente maiores em tamanho, e usados à volta do pescoço em vez dos dedos, de modo a permitir o visionamento com maior detalhe.
Embora muitas pedras gravadas tenham sido descobertas em escavações arqueológicas, a maioria são achados por acaso, como o exemplo, da drenagem dos banhos romanos em Cesaréia, em Israel, que resultou na descoberta de numerosas jóias, algumas das quais podiam ter escorregado dos dedos dos banhistas. Escritores antigos também descrevem grandes depósitos de jóias gravadas que eram oferecidas aos deuses nos templos gregos e romanos.
Outras jóias gravadas têm sobrevivido acima do solo. Na Idade Média eram apreciadas por coleccionadores reais e muitas vezes colocadas, como objectos eclesiásticos, tais como capas de livros e cálices.
Após a Renascença, surgiu um interesse renovado pela antiguidade inspirando nova geração de coleccionadores. Nos séculos XVII e XVIII, os viajantes do “Grand Tour” exibiam caixas de pedras gravadas nas suas casas senhoriais como lembranças das suas viagens.
O 4º Duque de Marlborough, George Spencer, reuniu uma colecção de 780 pedras durante o século XVIII, e encarregou Joshua Reynolds de o pintar segurando o seu precioso camafeu do imperador romano Augusto. A sua colecção foi vendida pela Christie's em 1899, e muitas das gemas são agora consideradas perdidas, conhecidas apenas através de moldes e impressões sobreviventes alojados no Museu Ashmolean Museum, em Oxford.
A tendência para coleccionar, assim como o uso de jóias antigas tem permanecido popular ao longo dos últimos séculos, e como resultado muitos exemplos que chegaram ao mercado foram adaptados a cenários modernos.
Estas antigas jóias gravadas oferecem uma fascinante janela académica sobre o mundo antigo em termos de vida, moda e ritual, ao mesmo tempo provam que a tradição para a joalharia sentimental tem milhares de anos.
Colecção Guy Ladrière
Guy Ladrière, é um colecionador apaixonado e um grande negociante especializado em arte glíptica e medieval. Durante décadas, reuniu camafeus, entalhes e anéis de acordo com o seu gosto muito pessoal.
A colecção que reuniu não pretende ser enciclopédica: pelo contrário, a beleza de cada objecto, conseguiu guiá-lo nas suas descobertas. A grande diversidade da colecção é um reflexo da sua grande curiosidade.
Este acervo, representa um dos melhores conjuntos mundiais de anéis e pedras preciosas. A Colecção Guy Ladriere, agora exposta em Paris é da maior importância tanto para o colecionador, como para o historiador de arte. Este património único, compreende cerca de trezentas peças, incluindo um conjunto rico e variado de camafeus e entalhes e abrange uma grande diversidade de peças, desde artefactos antigos originários do período minóico até pedras preciosas e anéis do século XIX. Possui também muitas peças medievais, placas de cristal cristão e pedras lombardas com inscrições. De especial interesse são as peças especiais da colecção. Estas incluem o célebre rinoceronte, muito provavelmente representando um animal identificável (o rinoceronte de Madrid, também conhecido como a Maravilha de Lisboa e levado de Portugal para Espanha em 1583); a Rainha Isabel I coroada com a mitológica pele de leão de Hércules, e apresentada como o poder de domar as forças do mal; e alguns notáveis e variados pares de retratos.
A exposição foi organizada em torno de temas, principalmente cronológicas e por vezes iconográficas (Egipto grego e romano, retratos imperiais, gemas da Idade Média e do Renascimento, cabeças deMedusa,(dois mil anos de anéis e muito mais.).
A mostra apresenta duas secções especiais: a primeira, destaca as pedras e técnicas, onde são expostas uma variedade de pedras brutas e gravadas; a segunda, salienta a história da popularidade destas pedras e o seu estudo através de livros ilustrados dos séculos XVII e XVIII. Estas duas secções: exibem o material e a referência permanente à Antiguidade, são fundamentais quando se trata de compreender a arte glíptica.
A arte glíptica é uma forma artística um pouco esquecida hoje em dia. As peças de arte glíptica, que são frequentemente anónimas, incluem algumas obras-primas, e desenrolam-se numa vasta gama de gemas com cores diferentes: cristais carnelianos e heliotropos, rubis e ametistas.
Assim, a história conjunta da arte e da técnica ganham vida com esta colecção, que contém entre as suas mais belas peças, um rubi gravado com retrato do imperador Augusto e um anel com um camafeu do rei Carlos V.
No cruzamento da história da arte, da gemologia e da história da técnica, o tema desta exposição está de acordo com o objectivo de L'ÉCOLE, Escola de Artes de Joalharia desde a sua criação em 2012 com o apoio de Van Cleef & Arpels. Através das suas ofertas de cursos, palestras, workshops, exposições, publicações e investigação, proporciona a todos os públicos a oportunidade de descobrir estas três disciplinas relacionadas com a arte da jóia.
Camafeus e entalhes são belas obras de arte decorativas e evocativas, que graças à sua dureza natural sobreviveram muitas vezes em condições brilhantes. Graças à sua portabilidade, podem ser usados em certos estilos e em formas contemporâneas.
A colecção de Guy Ladrière é uma abertura para o mundo em miniatura e sublime da arte glíptica (a arte de gravar pedras preciosas desde a Antiguidade). Esta colecção de camafeus e entalhes, reunidos ao longo de uma vida, faz eco da longa história da arte glíptica até ao século XIX... uma colecção única onde todos os períodos e técnicas se juntam.
Marionela Gusmão