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Yevonde I Vida e Cor

Auto-Retrato com a Máquina Fotográfica Vivex One-Shot, 1937. Yevonde (Britânica, 1893-1975). Crédito da imagem: © National Portrait Gallery, London. Colecção National Portrait Gallery, London, Adquirida com o apoio do Portrait Fund, 2021. Cortesia National Portrait Gallery, London.

Vivien Leigh, 1936. Yevonde (Britânica, 1893-1975). Impressa em 2022/23. Crédito da imagem: © National Portrait Gallery, London. Colecção National Portrait Gallery, London, Adquirida com o apoio do Portrait Fund, 2021. Cortesia National Portrait Gallery, London.

Máscara (Rosemary Chance), 1938. Yevonde (Britânica, 1893-1975). Impressa em 2022/23. Crédito da imagem: © National Portrait Gallery, London. Colecção National Portrait Gallery, London, Adquirida com o apoio do Portrait Fund, 2021. Cortesia National Portrait Gallery, London.

Joan Maude,1932. Yevonde (Britânica, 1893-1975). Crédito da imagem: © National Portrait Gallery, London. Colecção National Portrait Gallery, Dada pela fotógrafa. Cortesia National Portrait Gallery, London.

John Gielgud, como Richard II na Peça de Richard of Bordeaux,1933. Yevonde (Britânica, 1893-1975). Crédito da imagem: © National Portrait Gallery, London. Colecção National Portrait Gallery, Dada pela fotógrafa. Cortesia National Portrait Gallery, London.

Retrato de po Margaret Sweeny (Whigham, mais tarde Duquesa de Argyll), 1938. Yevonde (Britânica, 1893-1975). Crédito da imagem: © National Portrait Gallery, London. Colecção National Portrait Gallery, London, Adquirida com o apoio do Portrait Fund, 2021. Cortesia National Portrait Gallery, London.

Edward James,1933. Yevonde (Britânica, 1893-1975). Crédito da imagem: © National Portrait Gallery, London. Colecção National Portrait Gallery, London, Adquirida com o apoio do Portrait Fund, 2021. Cortesia National Portrait Gallery, London.

Dorothy Gisborne, como Psico, 1935. Yevonde (Britânica, 1893-1975). Uma descoberta recente que é testemunho da investigação em curso na National Portrait Gallery. Crédito da imagem: © National Portrait Gallery, London. Colecção National Portrait Gallery, London, Adquirida com o apoio do Portrait Fund, 2021. Cortesia National Portrait Gallery, London.

Lady Dorothy Warrender, como Ceres,1935. Yevonde (Britânica, 1893-1975). Crédito da imagem: © National Portrait Gallery, London. Colecção National Portrait Gallery, Dada pela fotógrafa. Cortesia National Portrait Gallery, London.

Foi realizada recentemente uma investigação sobre a vida e a carreira de Yevonde, a fotógrafa londrina pioneira que liderou a utilização da fotografia a cores na década de 1930.

A mostra “Yevonde: Vida e Cor “estará patente na National Portrait Gallery, de 22 de Junho a 15 de Outubro de 2023.

A exposição: “Yevonde: Vida e Cor” destaca a história de uma mulher que ganhou liberdade através da fotografia - enquanto fazia experiências com a máquina fotográfica e abria assim um novo caminho para os fotógrafos de retratos. A mostra apresenta retratos e obras de natureza-morta produzidas por Yevonde ao longo de uma colorida carreira de sessenta anos e baseia-se no arquivo do seu trabalho adquirido pela National Portrait Gallery, em Londres, 2021, assim como novas investigações aprofundadas realizadas pelas equipas da National Portrait Gallery, Londres.

A exposição “Yevonde: Vida e Cor”é apoiada pela CHANEL Culture Fund e baseia-se em “ Reformulando Narrativas: Mulheres”, um projecto importante de parceria que visa melhorar a representação das mulheres na colecção da National Portrait Gallery, Londres.

 

A National Portrait Gallery, em Londres, reabre em Junho após um encerramento de três anos para a "maior Vida e Cor”, é a mais completa até à data sobre a fotógrafa britânica Yevonde Middleton (1893-1975).

Assinando o seu trabalho simplesmente Yevonde (embora também trabalhasse sob o nome "Madame Yevonde"), foi uma célebre retratista, colorista inovadora e defensora das mulheres na profissão. Ela foi uma pioneira na sua época. No entanto, Yevonde não é muito conhecida fora dos círculos da fotografia.

Em 1921, foi a primeira mulher a dar uma palestra na Associação de Fotógrafos Profissionais. Na década de 1930 - contra uma maré de resistência - defendeu a utilização da fotografia a cores e foi a primeira pessoa na Grã-Bretanha a expor retratos a cores.

Ao longo de uma carreira de 60 anos, Yevonde fotografou os ricos e famosos. Cerca de 10.000 pessoas passaram pelos seus estúdios. Também geriu um negócio de fotografia comercial de sucesso até ao ano anterior à sua morte, pouco antes do seu 83º aniversário.

 

Desde a sua adolescência, Yevonde foi uma defensora do sufrágio feminino e participou activamente na União Social e Política das Mulheres, a ala militante do movimento sufragista, a partir de 1909.

No entanto, a sua falta de inclinação pessoal para a violação das leis sufragistas (e a pena de prisão que provavelmente se seguiria) levou-a a defender a emancipação das mulheres por uma via diferente.

 

Na sua autobiografia, “In camera” (1940), lembra-se de ter pensado aos 17 anos: "Tenho de ganhar a minha própria vida... Ser independente era a melhor coisa da vida".

Foi um anúncio no jornal sufragista “Votes for Women” que deu a Yevonde a ideia de que a fotografia podia oferecer independência económica.

A única formação formal de Yevonde foi uma aprendizagem com Charlotte (Lallie) Charles (1911-13). Apesar de não ter terminado, e de ter tirado apenas uma fotografia durante todo o período, deu-lhe os fundamentos para iniciar um negócio fotográfico.

 

Em 1914, tendo acabado de completar 21 anos - e com algum financiamento da sua família - abriu o seu primeiro estúdio.

 

Fotografia a Cores e Inovação

A decisão de Yevonde de se lançar por conta própria coincidiu com o declínio do estúdio de Lallie Charles. Isto reflectiu um mal-estar generalizado no retrato fotográfico, que nessa altura estava estilisticamente confinado às convenções há muito estabelecidas do preto e branco.

Ela explicou que os clientes estavam: "Cansavam-se das imagens pálidas e suaves, cansavam-se das rosas artificiais, do mobiliário império... Reclamavam da falta de variedade nas poses."

Vendo uma oportunidade de tentar algo diferente, desenvolveu uma abordagem e um estilo mais dinâmicos, estabelecendo um negócio moderadamente bem-sucedido, apesar das perturbações da Primeira Guerra Mundial e de um período como trabalhadora rural.

 

Mas foi com o advento do Vivex - um processo tecnicamente exigente para colorir fotografias, por volta de 1930, que Yevonde teve a sua oportunidade, apesar da forte resistência à fotografia a cores por parte da profissão e dos potenciais clientes.

 

"Comecei a fazer experiências loucamente", recordou na sua autobiografia, "alheia ao facto de as pessoas não quererem essas coisas".

Ela acreditava que os fotógrafos se tinham tornado: Tão absorvidos na beleza da luz e da sombra e nos seus profundos e aveludados pretos e brancos cintilantes que afirmavam muito seriamente que a fotografia a cores era desnecessária e não natural.

Ao mesmo tempo, Yevonde ficou entusiasmada ao descobrir que alguns estúdios estavam a começar a explorar o novo processo, apesar de sentir que a sua preocupação em conseguir uma cor naturalista tornava tudo "espantosamente pouco atractivo".

A artista declarou que a sua prioridade era utilizar a cor de forma diferente, para "produzir uma imagem marcante e original".

 

Série de Deusas de Yevonde

O projecto mais célebre de Yevonde foi: “a Série das Deusas de 1935,” que foi inspirado num baile de beneficência. Pouco depois, fotografou várias mulheres da sociedade disfarçadas de deusas mitológicas. Cada senhora foi equipada com adereços derivados da sua interpretação, por vezes caprichosa, de Yevonde dos seus atributos.

“Para mim, a série revela tanto a extensão como os limites do meu espírito pioneiro”, afirmou a fotógrafa.

Apesar das suas tentativas de renegociar as convenções do seu tempo, Yevonde - sempre a mulher de negócios conveniente - estava atenta aos desejos dos seus clientes, a maioria dos quais eram mulheres. Como resultado, muitos dos seus modelos correspondiamm às expectativas de beleza e comportamento prevalecentes: com um ar sensual, mas submisso, olhando com desejo para fora do quadro.

 

Mas noutros exemplos, as mulheres que fotografava pareciam libertadas dos grilhões das expectativas do seu sexo. Há uma composição e um movimento ousados na representação de Ariel e o olhar de confronto da Medusa.

Noutros trabalhos, a utilização audaciosa de cores primárias saturadas era muito eficaz, como no retrato da actriz Vivien Leigh.

Na sua fotografia da actriz Joan Maude, uma paleta vibrante de vermelhos era reunida numa única imagem. Este facto mostra uma fotógrafa diligente, entusiasmada com as possibilidades oferecidas pela nova tecnologia de cor.

 

Infelizmente, com o início da Segunda Guerra Mundial, a Vivex cessou a sua actividade e a fotógrafa  foi obrigada a regressar ao preto e branco.

Ao longo da sua carreira, Yevonde procurou promover e motivar outras mulheres fotógrafas, encorajando-as a "sair e conhecer-se" e a "juntar-se à associação" de fotógrafas.

"Temos de ver o trabalho umas das outras e criticar e, mais importante ainda, receber críticas", escreveu na sua autobiografia, "ou nunca melhoraremos".

A maioria das exposições anteriores privilegiou a Série das Deusas de Yevonde. No entanto, a exposição inaugurada para a reabertura da National Portrait Gallery alargará consideravelmente o âmbito e inclui algumas obras recentemente descobertas.

 

“Por muito que adore a utilização da cor por Yevonde, estou ansioso por ver os seus últimos retratos a preto e branco e a sua prática de trazer elementos do surrealismo para o seu retrato e outros trabalhos comerciais”, afirmou Dr. Nicholas Culliman, Director da National Portrait Gallery. 

Theresa Bêco de Lobo

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