Nasceu em Luanda a 24 de Julho de 1999; Estudante universitária no Curso de Análises Clínicas, começou em Abril de 2022 o seu estágio em ambiente hospitalar.

 

M&M: Como surgiu o mundo da moda na sua vida?

 

N: Na verdade nunca foi o meu sonho ser modelo. Esse era o sonho da minha irmã mais velha, Vaneza, agora com 26 anos, que começou aos quinze através de uma agência de bairro, que dava formação e promovia eventos, tudo sem remuneração. Mais tarde, a minha irmã foi recrutada pela agência HADJA, na qual passou a ser modelo. Ela tem 1,75 de altura, e a dar formação às mais novas, juntamente com noutra modelo. Um dia, no inicio de 2017,  tinha eu 17 anos, no caminho para a escola parou um carro junto a mim, e um senhor perguntou me se queria ser modelo. Eu reconheci-o e, por isso, disse lhe que era irmã da Vaneza. Ele fez um ar de espanto e perguntou "como a Vaneza nunca me falou que tinha uma irmã" ? E eu disse que nunca me interessou. Ainda assim, ele insistiu para que eu fosse à HADJA, visitar esta agência. Eu fui, mais por curiosidade em conhecer a agência, o que seria uma agência de modelos. A verdade é que nesse mesmo dia assinei um contrato com a HADJA.

 

M&M: Que trabalhos já fez?

 

N: Em Angola fiz vários trabalhos. 

Em 2017, comecei a fazer o evento Moda Solidária que é promovido pela HADJA MODELS todos os anos; também neste ano fiz o International Fashion Show;

 

Em 2018 fiz o Angola Fashion Week, ganhei o prémio de Modelo Revelação, no evento Moda Solidária;

 

em 2019, participei na Nigéria num evento organizado por várias pessoas ligadas à moda, as quais promoveram “castings” em alguns países africanos, avaliaram cerca de cem candidatas e eu fiquem entre as quatro selecionadas que foram à Nigéria, participar no evento  Getbank Fashion Week; 

 

em 2020, participei no Moda Angola, e fui pela primeira vez a Milão desfilar para o Philipp Plein; 

 

Em 2021 fui selecionada para o Beevok Fashion Wek, um certame de moda realizado em Angola e neste ano fui considerada A Melhor Modelo Nacional, pelo Angola Fashion Awords;                                                             

 

Em 2022, voltei a fazer o Milão Fashion Week.

 

Pelo meio, a par dos estudos fui fazendo comerciais, participei em video clips com cantores angolanos, videos de publicidade e fiz passerela para vários criadores angolanos.                                                                                 

                                                                                                         

M&M: Conhece então os criadores angolanos. Fale um pouco desses criadores. 

 

N: Ah, são maravilhosas, posso enumerar algumas: Nadir Taty, Falícia Mahatma, Rose Palhares, Rolanda Pereira, Ana Loyd, Suraya Da Piedade, Hassie Oliveira e outros;

 

M&M: Vejo que só referiu mulheres......

 

N: Pois foi… na verdade, ao contrário do que ocorre na Europa onde os criadores são homens, na maioria, vejo que as grandes marcas só recentemente têm mulheres a dar o rosto pelas criações, em Angola, e em África em geral, creio eu, pontuam mais as mulheres;

 

M&M: Alguma das criadoras que referiu já mostrou os seus trabalhos fora de Angola, na Europa por exemplo?:

 

N: Sim sim, a Nadir e a Suraya, que me recorde agora, já apresentaram as suas criações em Paris;

 

M&M: E não as acompanhou?

 

N: Os orçamentos são sempre reduzidos (risos). Contudo, se houver uma manequim angolana no país onde se apresentam elas podem escolher-nos. No meu caso, como sabe, o convite da M&M já foi feito há quase um ano, e com grande desgosto meu ficou tudo sem efeito, bem como outros trabalhos, porque não consegui junto do Consulado e da Embaixada de Portugal em Angola a concessão de visto. que ainda espero. Se estou hoje aqui, foi por via de um trabalho que fui fazer a Milão há duas semanas, cujo visto obtive sem problemas;

 

M&M: Chegamos então a Milão. Como é que aconteceu esta  internacionalização?

 

N: No certame realizado na Nigéria em 2019, estavam presentes vários peritos da moda, que mostraram interesse em mim, e fui contratada, para esse efeito por uma agência nigeriana, que trabalha com outra agência em Milão. Foi por esta via que desfilei em Milão em 2020 e há duas semanas. Sinto me vitima do covid, estragou-me a carreira (risos). Em 2019, perdi grandes oportunidades. Mas, sabe, ter vestido as criações do João Rolo, ter sido fotografada pelo José Luís Teixeira e ser entrvistada pela Marionela Gusmão para a MODA&MODA, sinto me realizada;

                                                                                                                      

M&M: Gosta mais de passerella ou de fotografar?

                                                                                                                  

N: Não consigo escolher. Sabe, na passarelle sinto me grande, no Olimpo, dona do mundo, realizo lá todos os meus sonhos de grandeza. Hoje fala-se muito no poder da mulher. Não quero saber de nada dessa conversa. O poder está em ser feliz a fazer o que gosto. Com a fotografia é outra coisa, aí eu brinco com a máquina, seduzo a máquina, divirto me até mais não;

 

M&M: O que faz nos tempos livres, gosta de ler, ir ao cinema?

 

N: Tempos livres… mais ou menos… eu uso muito as redes sociais para me manter atualizada e conectada com o mundo da moda. Mas gosto de ler sim e de ir ao cinema;                                                        

 

M&M: Qual foi último livro que leu, e filme que mais gostou?

 

N: Sou fã do género romântico. Adorei um filme americano, a Barraca do Beijo (risos), O último livro que li foi a A mulher virtuosa, de Cristiane Cardoso, adorei As palavras que nunca te direi, do Nicholas Spark, que foi adapatado para cinema, e é daqueles de chorar até secar a alma. Gostei imenso de ler a bO vestido, Jennifer Robson, que conta a história do vestido de noiva da Rainha Isabel II de inglaterra.

 

Gosto de tudo que tem qualidade arte e beleza.

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Marionela Gusmão

Fotos: © José Luís Teixeira

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