
Miniaturas I Retratos Século XVII, XVIII
![]() Retrato de Beatriz d’Este Cópia de Leonard da Vinci (1452-1519) | ![]() Preclarrissima D. Maria Thereza da Franca de Mello e Athayde de Ribadeneyra e Aragão (1695+1774). | ![]() Dom Alonso Pérez de Guzmán |
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![]() Duquesa Carmen Luísa Peréz de Guzmán em 1728 | ![]() D. Miguel I – Rei de Portugal (1801-1866) | ![]() Rainha D. Maria I. filha de D. José. |
![]() Rainha Vitória de Inglaterra (1819-1901) Rainha do Reino Unido e Irlanda de 1837 até sua morte, e também Imperatriz da Índia a partir de 1876. Vitória foi a primeira rainha reinante da Casa de Hanôver, além de ser o último membro desta dinastia. Casou-se com o seu primo direto, o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, em 1840. Os seus nove filhos, e vinte e seis dos seus quarenta e dois netos casaram-se com outros membros da realeza e famílias nobres por todo o continente europeu, | ![]() Retrato de Beatriz d’Este Cópia de Leonard da Vinci (1452-1519) | ![]() Jean Guerin (1760-1836) Figura atribuído a Teresa Cabarrus. Ou Laura Abrantes mulher de Junot. O que não tem dúvida é o autor. |
![]() António José dos Santos, Foi desenhador dos séculos XVIII e XIX, discípulo de José da Cunha Taborda e de João de Figueiredo. Foi desenhador de História Natural no real museu Jardim Botânico de Belém, tendo ali obtido em 1812 o seu vencimento de sete mil reis a 15 mil reis. Este senhor era tetravô de Maria de Resende tendo ao peito a insígnia de Grande Oficial da Ordem do Cruzeiro do Sul. Farda de Oficial General. Pintado em 1835 por António José dos Santos. | ![]() Retrato de Luis Filipe I – Rei de França Nascido em 1773 em Paris, e foi rei dos franceses de 1830 a 1848. Estabeleceu a monarquia liberal, mas o seu reinado viveu uma grande agitação politica. Morreu no exilio em 1850 em Claramont ( Inglaterra) Esta miniatura está assinada por P. A. Ott conhecido pintor de esmaltes. | ![]() Miniatura sobre marfim assinada por Angélica Kauffman Nota: A pintora morreu em Roma em 1807 e é retratada é notoriamente uma figura de nível social, provávellmente ligada à casa de Napoleão. Paira a dúvida se representará alguma das irmãs do Impreador: Paolina Borghese – Elisa Bonaparte Gran duquesa da Toscana. |
![]() Alcino Courrent Viscondessa de Vila Nova de Portimão. Meados do séc. XIX | ![]() Condessa Carmen Lucía Pérez de Guzmán. 1818 | ![]() Bracelete. Ouro, tartaruga, corais e marfim. Meados do século XIX. Possuindo ao centro um medalhão em ouro decorado com corais contendo uma miniatura de Senhora. Colecção particular |
Com os retratos em miniatura e depois do Renascimento ter terminado.
Com a Idade da explosão do individualismo nasceu uma nova era da História de Arte.
As tendências que se fizeram sentir, é a expressão mais concreta de que o retrato é a representação direta e orgulhosa do retratado. Uma forma menor da arte do retrato apareceu então como miniatura cuja moda se manteve até aos finais do século XIX. Para sermos mais concretos esta arte nasceu no momento em que os copistas se olhavam para iluminar os manuscritos. O mínimo era a cor vermelha que servia para valorizar a tinta negra dos livros; onde também se pintavam as letras vermelhas (rúbricas) inícias decoradas e coloridas de pequenos retratos devidamente executados sobre pergaminho.
No século XVI a miniatura desaparece do livro e começa a viver a sua vida própria, igual ao retrato. Além disso as miniaturas estabelecem as recordações entre os homens, perpetuando o espaço e o tempo. Elas podem ser um caso de amor, de veneração ou admiração.
Os pequenos tamanhos acabam por se tornar muito práticos.
A Imperatriz Maria Teresa que assegurava os deveres do Estado, enviava regularmente aos seus filhos dispersos pelo mundo as missivas carregadas de ternura, pedindo-lhes sem cessar de não se esquecerem de lhe enviar novas miniaturas a fim de se sentir mais próximo deles. Muitas vezes os pequenos retratos serviam para estabelecer conhecimentos de Corte em Corte ou de um País a outro promovendo casamentos.
Conta-se que o rei Henrique VIII de Inglaterra elegeu uma das suas seis de mulheres, Anne de Cleves através da uma deslumbrante miniatura que dela executou o pintor Hollbaynne; a realidade foi assim tão diferente do que ele esperava? O casamento não durou seis meses após os quais o insaciável monarca se apressou a mudar de nova mulher.
A arte da miniatura atingiu o seu apogeu no século XVIII inícios do século XIX; tornando-se a decoração mais importante que o retrato em si mesmo; as molduras eram discretamente trabalhados cinzelados no ouro ou na prata e decorados com pedras preciosas.
As miniaturas também serviam para compensar o mérito. Os príncipes tinham o costume de oferecer o seu retrato aos cortesãos, visitantes importantes, embaixadores; alguns de entre eles distribuíam-nas com muita profusão.
Também os atelieres especializados neste tipo de trabalho os fabricavam às centenas, foi frequente que o destinatários se rendiam de seguida entre os joalheiros para valorizar a preciosa imagem, por vezes ornada numa tabaqueira em ouro.
Muitas miniaturas depois de passar de mão em mão acabaram em colecçionadores por valores mais que efetivos.
Os retratos executados no início sobre toda a espécie de matéria: o cobre a ardosia a prata até o ouro sobre os quais pintavam a óleo, também se faziam sobre pergaminho, cartão, cartas de jogar. O guache e a aguarela eram então muito apreciados.
Cerca dos finas do século XVIII começa-se a utilizar o marfim opaco em laminas finas. O tom desta substância convém a este género de obras, pois confere ao rosto uma coloração natural; o trabalho acabado montado sobre uma folha de metal para transmitir ainda maior brilho. Também se usava a pintura sobre o esmalte que representava a vantagem de ser inalterável e preservar as cores das influência externas, as miniaturas sobre esmalte adquirem um renome excecional, Nenhuma matéria valorizava tanto a arte do Pintor. Numerosos artistas, uns de grande renome outros de segundo plano, ou quase desconhecidos trabalharam em miniaturas.
No estilo destas pequenas obras como resume a História de Arte destes últimos séculos, marcam sem dúvida o seu tempo.
Severos e fieis sob o reinado de Filipe II de Espanha, pomposos à Corte de Isabel de Inglaterra, amáveis e galantes no século do Roccaille, mais íntimos na época romântica e burguesa.
Foi uma cadeia ininterrompida que não se quebrou à idade da técnica onde são por vezes desprovidas as grandes obras.
Os detalhes da moda, à atitude da pessoa representada, a influência das cortes, a maneira própria do artista tudo isto se reflete na miniatura; e da profusão destes objetos de arte se abre um charme muito particular.
Hoje não é possível identificar a pessoa figurada. O retrato passou de mão em mão e as descrições orais perderam-se; daí que as miniaturas sejam analisadas mais frequentemente pelo valor intrínseco da obra do que pelo retratado.
Este anonimato é um exemplo da peronidade da arte que sobrevive através das idade e brilha para lá das fronteiras, enquanto, o criador e seu modelo ficam muitas vezes para sempre no esquecimento.
Muitas miniaturas não são assinadas e quando o são, podem colocar-nos dúvidas ou questões geralmente insolúveis.
As pessoas que faziam as miniaturas, não o faziam por distracção e o retratado tinha que pousar demoradamente, daí que haja miniaturas feitas de memórias ou esquiços.
Nem toda a gente teve a coragem de Olivier Cronnwell durante a pose: “eu desejo que você meta todo o seu talento como eu sou sem me adular, não se esqueça de um defeito de um botão de ou de uma verruga, caso contrário eu não pago nem uma pequena quantia pelo seu trabalho”.
Os pintores viviam das encomendas que lhe eram feitas quase sempre pela aristocracia e com o sentido de agradar ao desejo dos seus clientes. Eles idealizavam para ser agradáveis, mas o verdadeiro caracter do modelo era sacrificado.
Mestres de primeiro plano como Isabey não escapavam a esta regra, e a baronesa de Montete escreveu de si nas suas memorias: Isabey possui um método infalível para agradar; Embelezar ao extremo a mulher pode ser insignificante e pintada por ele faz sonhar toda a graça de uma Silfide.
A arte da miniatura conheceu no início uma primeira floração com Anne Olbaine, o jovem Levina Terlainne, as duas Hilliard Osquines e os dois Cooper, um novo período importante abriu-se no século XVIII com o Smei???. Angel e Pleimer em França nos inícios acenderam-se ate clouet; mas foi sob Luis XV que a miniatura conheceu melhor tempo.
Os mestres tais como Fragonnard, Siccardi, Isabey, e outros ilustraram este tipo de arte, como a cultura francesa deu o tom em todos os sentidos, a sua influência fez-se sentir em toda a Europa, e os artistas duma personalidade acusada de que Ffinger e Fueger em Viena não aguentaram isto. A miniatura tem um novo brilho no momento do congresso de Viena, ondo tudo tinha nome e rangue se junta à beira do Danúbio na cidade imperial.
Depois foi o brusco declínio na invenção de Daguerrotipo, sobreviveu uns anos, mais tarde deu-lhes o golpe de misericórdia, as outras causas tiveram os mesmos fins, as agitações crescentes da industrialização, não mais gozamos a atmosfera intimista e esplendorosa da miniatura. Estas obras sevem apenas para recordar a beleza de outrora aqui e acolá. Pode ser que alguma miniatura esquecida numa gaveta seja conservada como souvenir em memória dos seu doadores.
É por isso que há colecionadores que tratam estas peças com o carinho que merecem e o grande número de coleções privadas acordem os ecos de outros tempos.
Marionela Gusmão