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A Arte de M.C. Escher da Colecção Michael S. Sachs
No Museum of Fine Arts, Houston

Mãos de Desenho, Janeiro 1948. M.C. Escher, (Holandês, 1898-1972). Litografia. Crédito da imagem: © The M.C. Escher Company B.V., Baarn, the Netherlands / Used by permission. All rights reserved. Colecção de Michael S. Sachs. Corteseia Museum of Fine Arts, Houston.

Mão com Esfera Reflectora, Janeiro de 1935. M.C. Escher, (Holandês, 1898-1972). Litografia. Crédito da imagem: © The M.C. Escher Company B.V., Baarn, the Netherlands / Used by permission. All rights reserved. Colecção de Michael S. Sachs. Corteseia Museum of Fine Arts, Houston.

Relatividade, Julho de 1953. M.C. Escher, (Holandês, 1898-1972). Litografia. Crédito da imagem: © The M.C. Escher Company B.V., Baarn, the Netherlands / Used by permission. All rights reserved. Colecção de Michael S. Sachs. Corteseia Museum of Fine Arts, Houston.

Céu e Água I, Junho de 1938. M.C. Escher, (Holandês, 1898-1972). Xilogravura, Crédito da imagem: © The M.C. Escher Company B.V., Baarn, the Netherlands / Used by permission. All rights reserved. Colecção de Michael S. Sachs.

Répteis, Março de 1943. M.C. Escher, (Holandês, 1898-1972). Litografia. Crédito da imagem: © The M.C. Escher Company B.V., Baarn, the Netherlands / Used by permission. All rights reserved. Colecção de Michael S. Sachs. Corteseia Museum of Fine Arts, Houston.

Vínculo da União, Abril 1956. M.C. Escher, (Holandês, 1898-1972). Litografia. Crédito da imagem: © The M.C. Escher Company B.V., Baarn, the Netherlands / Used by permission. All rights reserved. Colecção de Michael S. Sachs. Corteseia Museum of Fine Arts, Houston.

O Museum of Fine Arts, Houston apresenta a partir de 13 de Março de 2022 a exposição: “Realidades Virtuais: A Arte de M.C. Escher da Colecção Michael S. Sachs”. Esta grande retrospectiva, representa a maior e a mais abrangente mostra das obras de M.C. Escher. Estes trabalhos pertencem à colecção de Michael S. Sachs, que reuniu obras de Escher ao longo de 50 anos e adquiriu noventa por cento da propriedade do ilustrador em 1980. A exposição inclui cerca de 400 ilustrações, desenhos, aguarelas, tecidos estampados, objectos construídos (como esferas), blocos de madeira e linóleo, pedras litográficas, livros de esboços, e as ferramentas de trabalho do artista. A mostra: “Realidades virtuais: A Arte de M.C. Escher da Colecção Michael S. Sachs, está patente de 13 de Março a 5 de Setembro de 2022, foi organizada pelo próprio Museu de Houston, com curadoria de Dena M. Woodall, curadora do Departamento de Gravuras e Desenhos, do MFAH. 

 

Maurits Cornelis Escher (Holandês, 1898-1972), mais vulgarmente referido, como M.C. Escher, é conhecido internacionalmente pelo seu trabalho de “imagens mentais", que se ligam à matemática e a vários ramos da ciência. Considerado um "movimento artístico unipessoal", permaneceu fora do estabelecimento de arte. Escher foi aclamado na era psicadélica dos anos 60 e 70, pelas suas obras de curvatura da mente.

Acerca da mostra, Gary Tinterow, Director do Museum of Fine Arts, Houston, disse: "O Museum of Fine Arts, Houston tem o prazer de apresentar esta enorme selecção de obras de M.C. Escher, extraída da mais extensa colecção de Michael S. Sachs, organizada pelo próprio Museu de Houston ", disse Gary Tinterow, Director do Museum of Fine Arts, Houston. 

 

Evolução da Obra de Escher

Ao longo dos seus 50 anos de carreira artística, a imaginação de Escher evoluiu de observações realistas do mundo à sua volta para invenções da sua própria imaginação que exploravam as relações entre arte e ciência, ordem e desordem, e lógica e irracionalidade. Escher comentou uma vez: "É preciso manter um sentido de maravilha, é disso que se trata".

Escher é um artista que desafia a caracterização. As suas obras singulares, por vezes inquietantes, com a sua orquestração multidimensional de realidades alternadas, tornaram-se, por direito, ícones do século XX.

Escher desenvolveu uma enorme obra gráfica, sobretudo em xilografia e litografia, a partir de conceitos matemáticos e com uma notória perícia técnica no âmbito da gravura. Escher subverteu os princípios clássicos da perspetiva para criar estruturas impossíveis, em sintonia com os princípios de rutura da arte contemporânea. Através desses princípios encontrou um novo campo de inspiração na inevitável contradição entre a bidimensionalidade do papel ou da tela e a realidade tridimensional. Influenciado pelo ritmo dos padrões geométricos, Escher desconstruiu-lhes a previsibilidade, acrescentando-lhes movimentos de translação, rotação, reflexão, ou seja, transformações isométricas, que permitem movimentar a figura no espaço.

Ao longo das décadas de 1920 e 1930, Escher preocupou-se com a paisagem italiana e com a arquitectura das suas cidades . Mas foi durante este período que  começou a experimentar a perspectiva no seu trabalho. 

Nas construções impossíveis, Escher criou uma aparência verosímil através de uma ilusão visual. À primeira vista, não são evidentes as divergências entre os seus trabalhos e as gravuras de temática arquitectónica clássica de Piranesi, dado que a capacidade de perceção visual adaptou a imagem recebida pela retina a uma configuração real. Exige, por isso, um exercício de verificação para identificar as improbabilidades. 

Na Relatividade, as pessoas sobem e descem simultaneamente numa complexa estrutura de degraus que se elabora como um circuito infinito. O desenho pode ser virado em qualquer direcção sem perder a (in-)coerência.

Escher através dos azulejos coloridos e padronizados da arquitectura mourisca que viu em Espanha em 1922 e 1936 foram transformados em azulejos de Escher. Foi numa visita à Alhambra, em Espanha, que o artista conheceu e se encantou pelos mosaicos que havia neste palácio de construção árabe. Escher achou muito interessante as formas como cada figura se entrelaçava na outra e se repetia, formando belos padrões geométricos. Junto com George Pólya que o influenciou, ele foi um dos primeiros que estudou os desenhos islâmicos sob uma perspectiva cristalográfica. Este foi o ponto de partida para os seus trabalhos mais célebres, que consistiam no preenchimento regular do plano, normalmente utilizando imagens geométricas e não figurativas, como os árabes faziam por causa da sua religião muçulmana, que proíbe tais representações. 

As Viagens de Escher

Em 1921, Escher e sua família estiveram na Itália, que se tornou um dos lugares prediletos do artista. No ano seguinte, voltou à Itália quando visitou diversas cidades, entre elas, Florença, Siena e Ravello, onde procurou inspiração para seus trabalhos.

Viajou também pela Espanha, quando visitou Madrid, Toledo e Granada. Nesta última cidade, encantou-se com o céu de Alhambra do século XIV, quando entrou em contacto com os mosaicos e arabescos da arte decorativa islâmica, que serviu de influência para muitos de seus trabalhos.

Em 1923, estando na Itália, conheceu Jetta Umiker, com quem se casou em 12 de Junho de 1924. O casal estabeleceu-se em Roma, onde em 1926 Escher comprou uma casa. O casal teve três filhos.

Em 1935, durante o regime Fascista de Mussolini, Escher deixou a Itália e mudou-se para a Suíça, onde permaneceu durante dois anos. Em 1937 resolveu mudar-se para Uccle, na Bélgica.

Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, voltou para a sua terra natal. 

Fases da obra de Escher

A primeira fase da obra de Escher foi o “Período das Paisagens” (1922-1937), época em que viveu na Itália, quando representou as estradas sinuosas do campo italiano e sua arquitectura densa das pequenas cidades das encostas.

Escher viveu no anonimato até 1951, quando começou a vender as suas xilogravuras e litogravuras. Em 1954 passou a destacar-se pela geometria constante nas suas obras, uma característica da arte islâmica. Foi considerado um artista matemático, sobretudo geométrico.

No “Período das Metamorfoses” (1937-1945), é quando uma forma ou objecto eram transformados em algo completamente diferente – tornando-se num dos temas preferidos de Escher.

Na gravura Céu e água I (1938), Escher usou uma metamorfose, que evoluiu dos peixes em aves, e vice-versa, num padrão de interligação sem problemas, aparentemente infinito. O artista criou um padrão em losango, para idealizar uma sequência mista de peixe-pássaro, através do uso do positivo e negativo e da aplicação dos conceitos de forma e fundo. No primeiro registo, os peixes destacam-se a branco sobre o fundo negro, estilizando-se no sentido ascendente para, sensivelmente a meio, se salientarem os pássaros a negro sobre o fundo branco, corporizando-se com pormenores cada vez mais precisos à medida que se aproximam do topo.

A terceira fase foi o “Período das Gravuras Subordinadas à Perspectiva” (1946-1956). Entre as obras dessa fase destaca-se: Mãos de Desenho, (1948) onde Escher criava diferentes níveis de realidade. Este trabalho é talvez o mais emblemático: uma mão tridimensional parece desenhar um pulso bidimensional que, por sua vez, transforma-se numa mão tridimensional desenhando o punho da primeira. 

A quarta fase da obra de Escher foi o “Período da Aproximação ao Infinito” (1956-1970), entre elas destaca-se: a Galeria de Gravuras (1956).

Em Répteis (1943), uma salamandra escapa ao papel sobre o qual é desenhada, voltando depois a entrar na folha do outro lado. Em Mão com Esfera Reflectora (1935) e Espelho Mágico (1946), o efeito do globo e dos reflexos espelhados cria dois mundos coexistentes no tempo e no lugar. Incluído nesta exposição está o ciclo sem fim Metamorfose III (1939-68), a maior impressão de Escher, de mais de 22 pés de comprimento e acompanhada pelos seus 31 blocos de madeira.

 

A Exposição

A exposição está organizada tanto cronologicamente como tematicamente, desde o retrato e o trabalho inicial até ao seu imaginário da Itália. Depois ramifica-se nas múltiplas preocupações "modernas" de Escher: tesselagem, metamorfoses, duas dimensões em três dimensões, mundos reflectores, sólidos platónicos, espirais no espaço, edifícios impossíveis, e aproximações ao infinito. Paralelamente a estas obras, destacam-se as salas auxiliares interactivas, onde os visitantes podem brincar com ilusões de óptica, acompanhando a exposição.

M.C. Escher 

M.C. Escher (1898-1972) nasceu em Leeuwarden, Friesland, Países Baixos e mais tarde, matriculou-se na Escola de Arquitectura e Artes Decorativas em Harlém. O seu interesse pela arquitectura, mudou durante os seus estudos de 1919 a 1922. E, sob a influência do seu professor Samuel Jessurun de Mesquita, começou a interessar-se pelo desenho e a gravura,  tornando-se  a sua paixão ao longo da vida. Em 1922,  viajou por toda a Itália, particularmente pela Toscana e pela  costa de Amalfi, assim como pela Espanha. A paisagem rural da Itália e a arquitectura mourisca e desenhos decorativos complexos do século XIV de Alhambra ,em Granada, foram influências poderosas. Em 1935, sinais de guerra eminente forçaram Escher e a sua família a mudar-se para a Suíça e subsequentemente para a Bélgica. Em 1941, durante a altura da Segunda Guerra Mundial, regressaram à sua terra natal, a Holanda, estabelecendo-se em Baarn, onde viveu e trabalhou durante o resto da sua vida.

Escher deixou uma produção de 448 litografias e xilogravuras e mais de 2 mil desenhos e esboços, além de ter ilustrado livros, tapeçarias, selos e murais.

"Ao percorrer toda a carreira de Escher, esta extraordinária exposição explora o processo do pensamento detalhado do artista. Revela, de certa forma, a magia por detrás das gravuras finais, com a inclusão de desenhos preparatórios e provas de impressão progressiva, como exemplo do seu processo de trabalho. A sua forma meticulosa estende-se à impressão de todas as suas xilogravuras à mão com o dorso de uma colher, em vez de uma prensa", disse Dena M, Woodall, Curadora do Departamento Gravuras e Desenhos, do Museum of Fine Arts, Houston.

 

Theresa Bêco de Lobo

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