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A Exposição Hollywood I No Helmut Newton Foundation, Berlim

10.

Joan Crawford para o filme: “As Nossas Filhas Bailarinas”, Hollywood 1928. Ruth Harriet Louise (1903 – 1940). Créditos da imagem: © Ruth Harriet Louise. Cortesia Sammlung Kothenschulte

Judy Garland, Hollywood 1945. George Hoyningen-Huene (1900 – 1968). Créditos da imagem: © George Hoyningen-Huene Estate Archives. Cortesia Helmut Newton Foundation.

Marilyn Monroe a passar por cima das suas linhas para uma cena difícil, que ela está prestes a interpretar com Clarke Gable no flme: “The Misfits”, Reno, Nevada, 1960. Eve Arnold (1912 – 2012) Créditos da imagem: © Eve Arnold/Magnum Photos Cortesia Helmut Newton Foundation.

Marilyn Monroe e Arthur Miller no seu quarto de hotel, após um dia de filmagens do filme: “The Misfits”, Reno, Nevada, 1960. Inge Morath (1923-2002). Créditos da imagem: © Inge Morath/Magnum Photos. Cortesia Helmut Newton Foundation.

.Residência Stahl (Estudo Caso de uma Casa #22) Los Angeles,1960. Julius Shulman (1910 – 2009). Créditos da imagem: © Propriedade de Julius Shulman. Cortesia TASCHEN.

Jack Nicholson, como Jake Gittes no filme: Chinatown, por Roman Polanski, Los Angeles, 1974. Steve Shapiro (1934 – 2022). Créditos da imagem: © Steve Shapiro. Cortesia Helmut Newton Foundation.

Sigourney Weaver em Warner Bros, “Burbank” 1983. Helmut Newton (1920 – 2004). Créditos da imagem: © Helmut Newton Foundation. Cortesia Helmut Newton Foundation.

Melrose Avenue, Los Angeles 1984. Alice Springs (1923-2021). Créditos da imagem: © Helmut Newton Foundation. Cortesia Helmut Newton Foundation.

Elizabeth Taylor, Vanity Fair, Los Angeles 1989. Helmut Newton (1920 – 2004). Créditos da imagem: © Helmut Newton Foundation. Cortesia Helmut Newton Foundation.

Marianne Faithfull, Los Angeles 1990. Anton Corbijn (1955). Créditos da imagem: © Anton Corbijn. Cortesia Helmut Newton Foundation.

David Holstein, 30 years old, Elnora, Indiana, $25, 1990-92 Philip-Lorca diCorcia (1951). Créditos da imagem: © Philip-Lorca diCorcia. Cortesia do artista, David Zwirner e Sprüth Magers.

Sharon Wild, 2001, a partir das series “The Valley” Larry Sultan (1946 – 2009). Créditos da imagem: © Propriedade de Larry Sultan. Cortesia Galeria Thomas Zander, Colónia.

aus der Serie „Los(t) Angeles, 2004/2020. Michael Dressel (1958). Créditos da imagem: © Michael Dressel. Cortesia Helmut Newton Foundation.

L.A. Crossing, 2010. Jens Liebchen (1970). Créditos da imagem: © Jens Liebchen. Cortesia Helmut Newton Foundation.

A Helmut Newton Foundation, em Berlim, apresenta de 2 de Junho a 20 de Novembro do ano em curso, a sua nova exposição "HOLLYWOOD" com obras de Eve Arnold, Anton Corbijn, Philip-Lorca di Corcia, Michael Dressel, George Hoyningen-Huene, Jens Liebchen, Ruth Harriet Louise, Inge Morath, Helmut Newton, Steve Schapiro, Julius Shulman, Alice Springs, e Larry Sultan. Fotografias de George Hurrell, Annie Leibovitz e Ed Ruscha.

A Helmut Newton Foundation é sempre o ponto de partida e referência para exposições colectivas, como esta. Os trabalhos fotográficos de Newton incluem frequentemente referências a filmes e até citam cenas específicas, como películas de Alfred Hitchcock ou a “Nouvelle Vague” francesa. A partir dos Anos 60, algumas das suas fotografias de moda parecem imagens cinematográficas na sua encenação, enquanto a partir dos Anos 70, alguns dos seus retratos parecem fotografias de filmes. Nos Anos 80 e 90, Newton fotografou actores no Festival de Cinema de Cannes.

Para além das imagens expostas de Newton constam da Mostra, imagens de 13 fotógrafos e as suas interpretações de Hollywood, dispostas, como habitualmente em grupos maiores. O espaço principal da exposição é dedicado ao cinema e ao sistema de Hollywood. Apresenta retratos de actores dos primeiros anos de Hollywood, como as imagens da fotógrafa Ruth Harriet Louise e de George Hoyningen-Huene, assim como fotografias de filmes posteriores e as de Steve Schapiro e de vários fotógrafos da Magnum, incluindo Eve Arnold e Inge Morath, que documentaram a produção de 1960 do filme de John Huston, “Misfits”.

A Magnum Photos é uma cooperativa internacional de fotógrafos, com escritórios em Nova Iorque, Paris, Londres e Tóquio. Segundo o seu co-fundador Henri Cartier-Bresson, a "Magnum é uma comunidade de pensamento, uma qualidade humana compartilhada, com uma curiosidade sobre o que está acontecer no mundo e um desejo de transcrevê-lo visualmente''.

A Magnum Photos foi fundada em 6 de Fevereiro de 1947 por um grupo de fotógrafos liderado por Robert Capa num evento que ocorria no MOMA- Museum of Modern Art, em Nova Iorque, o nome foi retirado da marca de champangne que comemorava a criação do empreendimento.

O primeiro escritório surgiu num apartamento no número 125 da rua Faubourg Saint-Honoré, em Paris, com instalações precárias e um telefone. O sucesso e a repercussão foram tamanhos, que nos anos seguintes a agência juntou-se a mais quatro fotógrafos europeus e norte-americanos como Ernest Hass, Werner Bischop, René Burri, Inge Morath e Cornel Capa e o irmão de Robert Capa.

A exposição apresenta um extenso portfólio de fotografias de George Hurrell, que Helmut Newton possuía, juntamente com algumas obras posteriores de Hurrell, que substituiu Ruth Harriet Louise em 1930, como a mais importante retratista de Hollywood para os principais estúdios cinematográficos. No final dos anos 1920, Hurrell foi apresentado ao actor Ramon Novarro e concordou em tirar uma série de fotografias dele. Novarro ficou impressionado com os resultados e mostrou-os à actriz Norma Shearer, que estava a tentar moldar a sua imagem em algo mais glamoroso e sofisticado. Ela pediu a Hurrell para a fotografar em poses mais provocativas. Depois que de Norma mostrar essas fotografias ao marido, o chefe de produção da MGM, Irving Thalberg. Irving ficou tão impressionado que assinou um contrato com Hurrell com a MGM Studios , tornando-o chefe do departamento de fotografia de retratos. Mas em 1932, Hurrell deixou a MGM após divergências com seu chefe de publicidade, e a partir de então, até 1938, dirigiu o seu próprio estúdio em Sunset Boulevard.

Ao longo da década, Hurrell fotografou cada estrela contratada para a MGM, e as suas imagens impressionantes a preto e branco foram amplamente utilizadas no marketing dessas estrelas.

Em 1925 Ruth Harriet Louise foi contratada pela MGM como fotógrafa chefe de retratos, tinha vinte e dois anos, e era a única mulher a trabalhar como fotógrafa das estrelas para os estúdios de Hollywood. A carreira de Louise em Hollywood só durou cinco anos, e fotografou todas as estrelas, actores contratados, e muitos dos esperançados que passaram pelos portões do estúdio, incluindo Greta Garbo (Louise foi uma das sete únicas fotógrafas autorizadas a fazer retratos dela), Lon Chaney, John Gilbert, Joan Crawford, Marion Davies, Anna May Wong, Nina Mae McKinney, e Norma Shearer. Pensa-se que ela tirou mais de 100.000 fotografias durante o seu mandato no MGM. Hoje, é considerada igual a George Hurrell e outros fotógrafos de glamour de renome da época.

Ainda na sala principal da Fundação, estão expostas cinco fotografias a cores em grande formato da série de Larry Sultan, “The Valley”, um estudo da indústria cinematográfica pornográfica perto de Hollywood. Do outro lado do espaço estão exibidos cinco grandes retratos a preto e branco minimalistas, filmados por Anton Corbijn em Los Angeles, de Clint Eastwood a Tom Waits. Uma outra vitrina contém os célebres retratos de Annie Leibovitz de Hollywood, que fotografa todos os anos para a Vanity Fair. Os vencedores dos Óscares foram retratados em suportes panorâmicos em grupo, que apareciam nas capas das revistas.

Esta sala traça um arco histórico ao longo de um século - desde os primeiros retratos das estrelas dos Anos 20 até a Hollywood dos dias de hoje, desde imagens “vintage” de vários tamanhos até reproduções de revistas.

Na sala de exposições dispostas nos fundos, o foco principal é a cidade de Los Angeles. As fotografias arquitectónicas de Julius Shulman mostram mansões lendárias em Hollywood Hills e Beverly Hills. Estes ícones arquitectónicos do modernismo de Los Angeles, eram frequentemente as casas de estrelas de cinema e de produtores e ocasionalmente serviam como cenários de filmes. Aparecendo em nítido contraste, estão os retratos impressionantes e por vezes pouco aparatosos de Michael Dressel. Estes encontros fugazes são cativantes na sua espontaneidade e na composição situacional. Jens Liebchen começou a trabalhar na sua série de cor Los Angeles Crossing em 2010, como parte do projecto "La Brea Matrix" iniciado por Markus Schaden, com o objectivo de traçar os passos de Steven Shore. Da janela do seu carro alugado, Liebchen fotografou o que à primeira vista parecia ser cenas de rua pouco espectaculares, eram imagens como uma série, contudo, elas desdobram-se num estudo sociológico compassivo. Na parede oposta encontra-se a série Hustler de Philip-Lorca diCorcia dos Anos 90, retratos de prostitutas em redor da Santa Monica Boulevard. O título de cada fotografia inclui o nome do observador, o local de origem, e a informação horária - esta última, neste caso, refere-se à comunicação da fotografia.

Na parte central da mostra, surgem as fotografias de Ed Ruscha de 1966 em forma de acordeão, “Every Building at the Sunset Strip” fornece um pano de fundo arquitectónico e social para as imagens posteriores dos outros fotógrafos dos mesmos locais e esquinas das ruas, que estão expostas nas paredes deste espaço de exposição.

Um tipo diferente de fotografia de rua está exposto numa das salas deste evento, como a Avenida Melrose, em West Hollywood, que Alice Springs filmou, em 1984. As imagens captam a contra/cultura musical de “punks” e outros individualistas conscientes do estilo que transformaram as ruas num palco como se a vida fosse um “show de casting”.

As fotografias dos Anos 20 e 30 de Hollywood mantêm fascínio e virtuosismo, superando o estatuto de mera arqueologia da história poderosa da indústria cinematográfica. Nalgumas das imagens exibidas pode-se sentir por exemplo uma energia feliz nos olhos de Joan Crawford ou Judy Garland, o olhar intenso de Jack Nicholson, como Jake Gittes no filme: Chinatown, ou a masculinidade sem máculas de Clint Eastwood e a expressão doce de Elizabeth Taylor na piscina com um pássaro e as suas belíssimas joias, ou ainda a pose sensual de Sigourney Weaver com uma racha enorme na saia. Todos estes retratos eram meticulosamente construídos na “fábrica de estrelas” de Hollywood por uma série de fotógrafos e fãs sem direito a obra autorial, mas estes autores da iconografia do glamour, que, ainda hoje, são admirados pelos fãs das estrelas.

Mostra apresenta obras-primas da fotografia de Hollywood, desde os Anos 20 até aos tempos actuais, estas imagens foram seleccionadas pela Fundação Helmut Newton, em Berlim. Inclui uma série de originais, dos mais importantes fotógrafos que trabalharam em Hollywood, durante várias décadas. Estas fotografias ajudaram a criar as estrelas que habitavam aquele lugar mágico de pessoas supostamente perfeitas e também a sustentar as suas carreiras, de filme para filme, criando, assim, a “star sistem”, imagens que concebiam na perfeição em retratos íntimos, dramáticos em ângulos plongée e contra-plongée. Ah, o que eles ensinariam ao Instagram…

Com estas fotografias, a exposição traça o fascínio de Hollywood que continua a atrair muitas pessoas para Los Angeles à procura de trabalho na indústria cinematográfica. Apontamos a vida oficial e privada das estrelas, as vilas dos ricos e belos fãs do cinema, assim como numerosos motivos secundários, tais como adereços cinematográficos nos estúdios.

Theresa Bêco de Lobo

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