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Dona Ajuda I A arte de ajudar

Teresa Cancela “Os voluntários que são um grande capital”

Teresa Cancela “Gostava de fazer ainda muitas coisas”

Teresa Cancela “Hoje apoiamos mensalmente 1700 famílias carenciadas”

O verde símbolo de esperança, na Dona Ajuda significa ajudar quem precisa

Hélio Mateus, o dinamizador da Praça da Dona Ajuda

A zona da praça, hoje uma ilha de criatividade

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O renascimento do antigo mercado

O renascimento do antigo mercado

O renascimento do antigo mercado

O renascimento do antigo mercado

O renascimento do antigo mercado

O renascimento do antigo mercado

O renascimento do antigo mercado

O renascimento do antigo mercado

O renascimento do antigo mercado

Dotada de invulgar capacidade de trabalho, Teresa Cancela tornou-se um símbolo da recuperação, valorização e divulgação do nosso património cultural. A sua actividade, ao longo de 20 anos, na Fundação Medeiros e Almeida, levou-a a internacionalizar a instituição. 

Ao reformar-se aceitou outro forte desafio, assumindo em Novembro de 2021 a direcção da Associação Dona Ajuda, secundada pela Vice-Presidente Rita Costa, a Tesoureira Lídia Tobias, o Secretário Pedro Lima e a Vogal Cristina Velozo, anterior presidente e fundadora da Dona Ajuda.

A instituição, sedeada no antigo mercado do Rato em Lisboa, conta agora com um longo trabalho de solidariedade social.

“Nascemos de um grupo de amigas que organizavam uma feira de objectos no jardim das Amoreiras. O objectivo era reunir verbas para ajudar os mais carenciados”, revela-nos Teresa Cancela.

“Fomos crescendo muito lentamente, e em 2015 obtivemos a cedência de parte do antigo Mercado do Rato”, sublinha-nos.

Essas instalações estavam votadas ao abandono, tendo havido um grande esforço na sua limpeza e recuperação. 

O polo inicial era o antigo mercado, constituído basicamente pelas bancas de peixe, seis lojas envolventes e um vasto armazém.

O espaço foi aproveitado para expor e vender roupas, bijutaria, brinquedos e objectos de casa. Rapidamente as doações atingiram níveis elevados.

“As pessoas vêm diariamente entregar muitas dezenas de caixas e sacos. Nunca esperámos crescer desta forma, mas realmente a generosidade é imensa”, confessa Teresa Cancela.

 

Voluntariado empreendedor 

A génese da Dona Ajuda encontra-se, além dos doadores, nas dezenas de voluntários que diariamente empreendem uma dinâmica única.

Rapidamente o espaço inicial, cerca de 600 metros, tornou-se diminuto. A Dona Ajuda expandiu-se, em 2020, para o espaço restante, denominado de Praça. A área, vasta e algo grandiosa, era um verdadeiro ninho de pombos, ratos e sujidade acumulados durante muitos anos.

Uma nova etapa começou para a Dona Ajuda. O espaço foi limpo e recuperado, destacando-se aqui o forte dinamismo e profissionalismo de Hélio Mateus que, ao longo dos anos, desenvolveu um trabalho fundamental nas actividades da Dona Ajuda, criando enormes entusiasmos, motivando importantes doações e desenvolvendo um ambiente verdadeiramente caloroso entre os voluntários.

O novo sector passou a acolher inúmeros eventos, como a feira da Fruta Feia (semanal), a AFrolink [mensal] dedicada à comunidade de Cabo Verde, feiras de velharias e de livros.

As lojas envolventes acolhem os sectores de livros de ficção e de arte, CDs e discos, restauro de mobiliário, electrónica e costura.

Ao mesmo tempo foram criados ateliers de curta duração cedidos a jovens artistas plásticos.

Paralelamente surgiu a Associação Poussio, que organiza diversos eventos culturais, detendo um escritório e um atelier de longa duração.

“Este ano, para comemorar o primeiro aniversário em Abril, organizaremos uma grande feira de velharias e, em jeito de brincadeira, um leilão”, realça Teresa Cancela.

O programador Cultural Hélio Mateus, agora noutro fora da instituição, organizou durante meses vários eventos. Em Abril acorreram ao antigo Mercado do Rato milhares de visitantes que proporcionaram uma receita muito generosa.

 

Fortes desafios

A Dona Ajuda cresceu e apresenta por isso fortes desafios respeitantes ao futuro.

 “A Associação tem uma receita anual de dezenas de milhar de euros, fruto de vendas das doações. O capital é utilizado para apoiar outras associações ou apoios pecuniários a pessoas com graves dificuldades, caso de doentes oncológicos e idosos entre outros”, realça Teresa Cancela.

“Hoje apoiamos mensalmente 1700 famílias carenciadas. Elas podem vir buscar mensalmente roupas ou objectos de escolha livre dentro de um plafond definido”, frisa.

“Nós nunca tivemos nenhum subsídio, todas as nossas actividades são pagas pelas vendas das coisas doadas”, realça.

As roupas e objectos oferecidos são objecto de uma triagem. O que está em bom estado fica, o restante é doado a um bairro carenciado do Seixal ou à Associação Reto.

“Gostava de fazer ainda muitas coisas, como ter um armazém amplo e uma carrinha, mas o meu mandato termina em Dezembro”, sublinha Teresa Cancela.

 

Voluntários, um grande capital

“O trabalho é suportado, com excepção de dois colaboradores pagos, pela enorme dedicação dos voluntários que são um grande capital”, evidencia Teresa Cancela.

Na actualidade, a Dona Ajuda abre diariamente às 10 horas e encerra às 18, inclusivamente ao fim-de-semana.

O sector do mercado, dirigido pelo invulgar dinamismo e competência de Carmen Pereira, revela-se hoje um espaço fulcral pleno de actividade.

A oferta da Dona Ajuda é constantemente renovada. Chegam diariamente roupas e objectos que são objecto de criteriosa escolha  e, posteriormente, vendidos e doados.

Os compradores ocorrem com interesse, desde os jovens que necessitam de móveis para a nova casa, a pessoas de outras faixas etárias que procuram roupas ou objectos, a coleccionadores, bibliófilos, antiquários e alfarrabistas que tentam descobrir raridades.

Os voluntários, incansáveis e dedicados passam o dia na arte de bem-fazer, sempre com o espírito de servir quem mais necessita. Um exemplo para todos os outros.

 

Milhares de livros

Na zona da Praça, sector mais amplo, existe a loja dedicada à literatura portuguesa dirigida por Maria João Archer. O espaço tem (já) milhares de livros impecavelmente arrumados – o sonho de qualquer biblioteca, livraria ou alfarrabista.

Ao lado, o atelier de costura onde trabalha Ângela Andrade, com os tecidos a criarem um ambiente de esfuziante com colorido, e a respectiva máquina de costura, e muito trabalho, dedicação e talento.

Ao fundo, a sala de literatura estrangeira com ficção inglesa e francesa, impecavelmente inventariada e arrumada.

Pelo meio a loja de música com discos e CD`s dominada por um antigo piano. O acervo, composto por milhares de espécies muito diversificadas, é o sonho de qualquer melómano. Foi um projecto desenvolvido por Hélio Mateus. 

Os ateliers, cedidos a jovens artistas, dão uma nota de contemporaneidade. Esses criadores fazem o seu trabalho em diversos campos das artes plásticas e performativas.

“O que eu fiz foi acordar o que estava adormecido, a Dona Ajuda tinha e tem um potencial enorme”, remata Teresa Cancela.

António Brás

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