
Deslumbres angolanos I A melhor colecção do mundo de arte angolana
![]() Trompas de caça | ![]() Figura humana | ![]() Figura humana em marfim Figura de chefe |
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![]() Máscara usada em rituais religiosos | ![]() Bastão | ![]() Banco |
![]() Trono | ![]() Pente |
A melhor colecção do mundo de arte angolana, composta por máscaras, esculturas, bastões, lanças, cestos e instrumentos musicais encontra-se, há muito, no nosso País. As suas peças guardam-se no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa, resultando de aquisições, transferências e ofertas efectuadas a partir de 1947.
No período inicial da sua formação, destaca-se a actividade de Jorge Dias e Margot Dias que recolheram os primeiros artefactos. Estes constítuem o núcleo inicial do museu, inaugurado em 1965.
Durante décadas, a colecção foi objecto de diversas mostras, enquanto era devidamente estudada e inventariada.
A oportunidade da sua revelação internacional ocorreu através da exposição “Escultura Angolana-Memorial de Culturas”, organizada em 1994 no âmbito das actividades de Lisboa-Capital da Cultura. O evento, composto por 250 espécies, teve uma enorme repercussão mundial e uma invulgar aderência de visitantes. Como consequência, o Museu de Etnologia passou a ser frequentado por inúmeros especialistas em arte africana, surpreendidos pela raridade, qualidade e diversidade do seu acervo.
O interesse despertado levou à organização da retrospectiva intitulada “Na Presença dos Espíritos” que foi apresentada, sucessivamente, entre 2000 e 2001, no Museum for African Art de Nova Iorque, no Flint Institution of Arts do Michigan, no Smithsonian Institte de Washington e, por fim, no Birmingham Museum de Alabama.
As exposições revelaram, segundo o seu comissário, Frank Herreman, “as variadas facetas da herança africana que não cessam nunca de nos surpreender e maravilhar”.
Através do espólio de Lisboa podemos percorrer as vivências, os rituais e as tradições de todas as etnias angolanas. Nelas destacam-se as esculturas dos deuses locais, as máscaras usadas em cerimónias sagradas, os bancos usados como tronos dos reis, os bastões dos chefes tribais, as estelas funerárias e os objectos de uso quotidiano como ornamentos, cachimbos e pentes.
Cestos e lamelofones
A divulgação e o enriquecimento dos conjuntos de arte angolanos tem sido uma das preocupações do Museu de Etnologia. Nos últimos anos foi inaugurada uma mostra de cestaria angolana, organizada pela antropóloga Sónia Silva. Através dela podemos percorrer a vivência quotidiana desses povos que continuam a produzir cestos, adornos, brinquedos e esteiras.
Outra exposição, dedicada aos lamelofones (estudados nos últimos anos pelo antropólogo austríaco Gerhard Kubik), junta instrumentos musicais em madeira e metal que produzem um som de grande ressonância - conforme pode ouvir-se no CD editado para acompanhar o respectivo catálogo. Para alguns especialistas, o espólio do museu português é superior ao existente no Musée de I`Homme de Paris, considerado um dos maiores centros de estudo da civilização africana.
António Brás