
Deslumbrantes Faianças Portuguesas
![]() Prato com pássaro, 1580-1625 | ![]() Tijela século XVII, com influência Chinesa. | ![]() Peça rodada a azul e branco, |
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![]() Taça seiscentista. | ![]() Prato com pássaro, 1580-1625 | ![]() Galhetas marcadas com A, peça de extrema raridade. |
Mais de quatro séculos após ter ardido, uma olaria localizada na Mouraria, em Lisboa, é objecto de extensa exposição no Museu Nacional do Azulejo. A mostra foi organizada pela instituição e pelo Centro de História do Além-Mar, sendo a primeira vez que na Madre de Deus se apresentam faianças arqueológicas.
As descobertas arqueológicas, realizadas em 2000, trouxeram à luz do dia um extenso é variado acervo. Através dele podemos comtemplar magníficos exemplares de faiança azul e branca datáveis de 1580 a 1625.
A pequena grande exposição tornou-se de importância fundamental para o estudo da faiança e a influência da porcelana chinesa.
A exposição consolida definitivamente a versão que desde finais de 1500 os artesãos portugueses imitavam a porcelana chinesa, adaptando-a, porém, ao gosto nacional.
Sobrevivência do acervo
O polo arqueológico da Rua das Olarias tinha vários níveis e apresentava quatro fornos. Um incêndio, de causas desconhecidas, ocorrido entre 1580 e 1625, destruiu totalmente essa manufactura.
As caixas refratarias dos fornos, em argila, tijolo e cerâmica doméstica de barro vermelho, possibilitaram a sobrevivência do acervo em faiança.
Esses fornos eram constituídos por dois sectores, fornalhas e zonas de cozedura. O desastre danificou-os profundamente, mas as peças em faianças resistiram em enormes fragmentos que exemplificam a grande qualidade de desenho e da pasta.
A exposição apresenta-nos uma cuidadosa selecção de dezenas de peças, desde exemplares ainda em barro a faianças em fase final de cozedura.
Entre as variadas formas destacamos trempes, tigelas, pratos, tampas, bandejas e almotolias.
O estudo da faiança nacional fica através desta exposição profundamente enriquecido.
Em inúmeras colecções públicas e privadas existem exemplares a partir do século XVII, mas os vestígios anteriores são raros e sempre muito fragmentados.
A exposição, apesar dos escassos meios de montagem e divulgação, revela-se um deslumbramento.
António Brás