
Dotada de invulgar capacidade de trabalho, Cristina Lobo tornou-se um símbolo dos portugueses em Nova Iorque.
A sua actividade, ao longo dos últimos anos, no atelier de arquitectura de Peter Marino revelou-se de grande dinamismo e talento.
Cristina Lobo é natural de Lisboa, onde nasceu em 1970, licenciou-se em Auquitectura pela Universidade Lusíada, tendo começado a trabalhar em Portugal em projectos de hotelaria.
Tem um filho, com 16 anos, do casamento com o Alexandre Mimoso.
Ao fixar-se em Nova Iorque em 2010, Cristina Lobo iniciou o seu trabalho num gabinete que se dedicava a projectos de hotelaria.
Peter Marino – Um célebre mestre inovador
Pouco depois de se instalar em Nova Iorque resolveu responder a um anuncio do gabinete de Peter Marino. “Fui a uma entrevista, correu bem, mas nunca esperei ser chamada, era um lugar muito pretendido”, afirma-nos.
“Pouco depois sou chamada e passo a trabalhar no atelier de Peter Marino. O maior desafio da minha vida”; revela-nos.
O arquitecto fundou a Peter Marino Architect PLLC, uma empresa de arquitectura e Design em 1978. Havia-se formada na Universidade Cornel e tinha 29 anos.
Nesse ano, Andy Warthol contratou-o para renovar a sua casa de Manhattan e o seu atelier na Broadway. O resultado foi excelente. Rapidamente teve outras encomendas para projectos residenciais de clientes do mundo da arte e das elites americanas e europeias.
Hoje, o atelier Peter Marino é um símbolo das artes revolucionárias de Nova Iorque.
As suas instalações localizam-se no centro da cidade. O espaço é vasto, a organização esplêndida, havendo uma dinâmica forte entre os seus 160 funcionários.
Família luso-americana
Filha de Theresa Beco de Lobo, professora universitária e jornalista; Cristina Lobo descende pela linha materna de norte-americanos; deslocando-se desde sempre a Nova Iorque; onde a bisavó foi empresária. Precisamente, Cristina habita na casa da sua bisavó, situada na ilha Staten - Island em frente a Manhattan.
Filha de Joaquim Lobo – general da Força Aérea Portuguesa, uma personalidade que teve uma carreira destacada através da sua inteligência e capacidades notáveis, sendo um militar notável a quem cabe a honra de ter feito 12.000 horas de voo.
Actividade profissional de Cristina Lobo
Ao entrar na vida profissional, em Nova Iorque foi, de imediato, convidada para trabalhar na empresa - Gerner Kronick + Valcarcel Architects tendo-lhe sido atribuído o gabinete dos hotéis, com a função de efectuar os projectos em 3 D.
Após permanecer algum tempo nesta empresa teve o desafio de concorrer para o “atelier” de “Peter Marino onde a esperava um potencial riquíssimo de trabalho, já que o conhecido arquitecto, sempre de negro vestido, tem um talento verdadeiramente único. Ele, representa a alma de tudo, destaca Cristina Lobo.
Peter Marino tem executado lojas praticamente por todo o mundo, mas esse tudo é desenhado no seu atelier. Os materiais são invariavelmente de alta qualidade e sempre criteriosamente escolhidos.
Lojas pelo mundo
A família Pressman, proprietária da Barneys, contratou Peter Marino, em 1985, para projectar 17 lojas nos Estados Unidos e no Japão entre 1986 e 1993.
Este trabalho colocou o arquitecto em contacto com outras marcas do chamado mercado de luxo. A primeira encomenda foi a loja da Giorgio Armani na Madison Avenue, em Nova Iorque, inaugurada em 1996.
Outras obras marcantes são a Torre Chanel, no Japão, executada em 2004, a loja da Louis Vuitton, em Beverly Hills, Califórnia, em 2015.
Ao longos dos anos desenhou lojas para Calvin Klein, Donna Karan, Ermenegildo Zegna, Fendi, Chanel, Dior e Louis Vuitton.
Um génio
“Ele é profundamente criativo, eu considero-o um génio muito perfecionista. Peter Marino vai alterando os projectos em plantas impressas em papel. O rigor tem de ser absoluto a nível das dimensões, das cores e dos materiais utilizados”, acentua Cristina Lobo.
O jornal The New York Times escreveu que “Peter Marino é amplamente creditado por provar que a teoria de que o projecto arquitetónico pode ser um componente da identificação do consumidor com a marca”.
Os projectos sucedem-se. Nós últimos anos projectou lojas na Correia do Sul e na China, um mercado pujante.
Mais recentemente foram inauguradas uma loja em Seoul e duas em Osaka no Japão e, ainda, uma num grande Centro Comercia do Dubai.
Coleccionador e designer
Peter Marino afirmou-se também como coleccionador.
Nas suas casas preserva pintura moderna e contemporânea, porcelanas francesas e bronzes italianos e franceses dos séculos XVI a XVIII.
Os bronzes foram expostos na Wallace Collection, em Londres, em 2010.
A França tornou-o Cavaleiro das Artes e Letras, em 2012, pelo seu contributo para as artes.
Cristina Lobo tem uma vida cheia e desafiante em Nova Iorque. “Os meus dias são muito cheios a nível profissional e familiar. Posso dizer que me sinto realizada”.
Entrevista: Marionela Gusmão
António Brás
Fotos: José Luís Teixeira
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Cristina Lobo I Uma portuguesa em Nova Iorque