
Aurélia de Sousa I Uma Pintora Intimista
![]() Auto-retrato de Aurélia de Sousa | ![]() Retrato da Menina Vanzeller | ![]() Convivendo |
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![]() Lendo uma carta | ![]() Interior | ![]() Costurando |
![]() Quinta da China | ![]() Douro | ![]() Santo António |
A pintora portuense, apesar de nascida no Chile, é objecto de uma extensa retrospectivea, que assinala o centenário do seu falecimento, no Museu Soares dos Reis.
O resultado é surpreendente. Nas salas do Museu os expressivos trabalhos de Aurélia de Sousa criam um ambiente sereno, intimista e luminoso.
A obra da artista é percorrida por uma cadência única, variada, frequetemente irónica e atenta.
O núcleo inicial, denominado Vidas, é constituído por retratos de familiares e desconhecidos. Algumas dessas imagens são obras-primas da arte portuguesa, caso do auto-retrato onde a observamos idosa e penetrante, com um um rosto melancólico, intemporal.
O núcleo seguinte, intitulado Espaços, reflete os espaços de família, especialmente na Quinta da China onde a artista viveu na companhia da irmã Sofia de Sousa, uma pintora de interesse. Nessas telas contemplam-se momentos de lazer, leitura, costura e estudo. A paleta de cores leva-nos a dias calmos, serenos e íntimos.
O final da exposição, baptizado “Cores”, destaca telas plenas de cor e dinamismo. As paisagens vastas, as flores nos jardins, as fachadas serenas e as naturezas-mortas reflectem um mundo de aparente acalmia e largos horizontes.
Aurélia de Sousa estudou no Porto e em Paris criando uma obra de vanguarda dentro do naturalismo, muito pessoal, com influência do realismo, impressionismo e da pintura flamenga.
Nas palavras da historiadora Raquel Henriques da Silva, a obra da pintora “regista a silenciosa narrativa da casa, a presença da velha mãe, os afazeres das mulheres e das crianças, os muitos escuros da cozinha e do atelier, as tardes em que a luz se confunde com os fatos de Verão, os caminhos campestres ou as vistas do rio. Pratica uma pintura vigorosa, raramente volumétrica, detida na análise das sombras para nelas captar a luz”.
António Brás