Ansel Adams no Nosso Tempo 

​

Grande exposição coloca o fotógrafo paisagista e ambientalista mais famoso da América em conversa com artistas contemporâneos. 

 

O Museum of Fine Arts San Francisco, de Young de 8 de Abril a 23 de Julho de 2023, apresenta a grande exposição de Ansel Adams amado pelas suas exuberantes fotografias dos parques nacionais dos Estados Unidos da América. O fotógrafo americano Ansel Adams é um gigante da fotografia do século XX cujas imagens se tornaram ícones da natureza selvagem americana. A mostra apresenta mais de 100 obras deste "fotógrafo da Califórnia" para o local da sua primeira exposição no Museum of Fine Arts San Francisco, de Young,  em 1932, colocando-o em diálogo com 23 artistas contemporâneos que estão de novo envolvidos com as paisagens e questões ambientais que inspiraram Adams. A exposição é organizada pelo Museum of Fine Arts, Boston, em parceria com os Museum of Fine Arts San Francisco com a adição de obras da colecção permanente e com um novo olhar num enquadramento interpretativo explorando a estreita ligação de Adams à sua cidade natal de São Francisco. 

 

"A fotografia de Ansel Adams é célebre pela sua beleza formal e proeza técnica, mas o seu trabalho é igualmente de defesa", observou Thomas P. Campbell, Director e CEO dos Museum of Fine Arts San Francisco. "Adams foi um conservador incansável e um preservador da natureza selvagem que compreendeu plenamente o poder das imagens para influenciar a opinião pública. “Ansel Adams no Nosso Tempo” é mostra excepcional ao destacar o seu legado brilhante e o seu papel crítico que as suas obras e as de outros antes dele desempenharam na salvaguarda dos nossos parques nacionais e de outras terras públicas, " disse Thomas P. Campbell, Director e CEO dos Museum of Fine Arts San Francisco.

 

Yosemite, era considerado um dos parques nacionais dos Estados Unidos, mais fascinantes do mundo, que ele Ansel visitou regularmente desde os 14 anos de idade com a sua máquina fotográfica Eastman Kodak Brownie. 

​

A mostra salienta o papel crítico que a fotografia tem desempenhado na história dos parques nacionais, com Adams a seguir os passos dos antecessores, como Carleton Watkins, cujos esforços asseguraram pela primeira vez Yosemite como terra protegida. Adams, como membro de longa data do “Sierra Club”, continuaria a aperfeiçoar os esplêndidos detalhes e amplitude tonal das suas paisagens ao serviço daquilo a que chamou os aspectos "espiritual-emocionais" dos parques e da natureza selvagem, transmitindo o seu poder restaurador a uma audiência tão vasta quanto possível.

No de Young, a exposição aprofunda as ligações da área da baía do artista com novos enquadramentos interpretativos e obras da colecção permanente dos Museum of Fine Arts San Francisco. Adams tornou-se um fotógrafo verdadeiramente modernista em São Francisco nas décadas de 1920 e 1930, experimentando com a máquina fotográfica de grande formato que produziria a máxima profundidade de campo e detalhes afiados que hoje são considerados a sua assinatura. Foi um incansável campeão da fotografia como forma legítima de arte nobre. Das suas gravuras das “Serras Altas” (1927), como uma obra de referência na fotografia do século XX, as imagens de torres de petróleo, cidades fantasmas, condições de seca, e as dunas de areia do Vale da Morte, abrangem o âmbito de quase sete décadas da carreira do artista e os esforços para estabelecer tanto a gestão ambiental, como um pilar da vida cívica e o meio fotográfico como uma forma de arte amplamente aceite. 

​

Os trabalhos dos 23 artistas contemporâneos, incluindo Catherine Opie, Abelardo Morell, Binh Danh, Trevor Paglen, Mitch Epstein, e Victoria Sambunaris, entre outros, fornecem uma nova leitura para Adams, desenhando sobre o seu legado de arte como activismo ambiental para enfrentar questões como a seca e o fogo, a exploração mineira e a energia, os custos económicos, os lugares protegidos e a expansão urbana. As cinco secções temáticas da exposição: “Capturar a Vista”, “Marketing da Vista”, “São Francisco: Tornando-se Modernista”, “Adams no Sudoeste Americano,” e “a Representação dos Parques Nacionais” - abre novas perspectivas em torno do trabalho de Adams, olhando tanto para a frente como para trás no tempo para apresentar uma imagem mais rica da relação entre fotografia, arte, ambientalismo, e concepções da paisagem. 

​

"Ansel Adams tinha laços estreitos com São Francisco, e com a paisagem da Califórnia, e o Museum de Young esteve entre as primeiras instituições a celebrar o seu trabalho quando era um artista em ascensão", observou Lauren Palmor, curadora associada da Arte Americana, que organizou a exposição “Ansel Adams no Nosso Tempo” nos Museum of Fine Arts San Francisco. "A sua reverência pela beleza natural da nossa região levou-o a fotografar a diversidade natural que pode ser encontrada em toda a área da Baía ao longo da sua vida. Adams foi também um incansável defensor do ambiente, e a Bay Area partilha esse espírito como um centro global de inovação na conservação e preservação da natureza selvagem nos dias de hoje".

​

Organização da Exposição

A mostra “Ansel Adams no Nosso Tempo” foi organizado pelo Museum of Fine Arts, Boston, em parceria com os Museum of Fine Arts San Francisco. A exposição foi comissariada por Karen Haas, Curadora Sénior de Fotografias da Lane no Museum of Fine Arts, Boston. 

​

Sobre Ansel Adams 

Ansel Easton Adams (1902-1984) fez imagens notáveis da paisagem americana e defendeu com sucesso o ambiente e a preservação dos recursos naturais. Adams nasceu em São Francisco em 1902, e fez a sua primeira viagem a Yosemite quando tinha apenas 14 anos de idade. Atraído pela beleza do vale, tirou as suas primeiras fotografias das quedas de água e formações rochosas de Yosemite. Adams continuou a desenvolver a sua prática fotográfica em paralelo com a sua perspectiva ambientalista.

​

O Museu de Young acolheu várias exposições importantes no início da década de 1930, celebrando as realizações deste fotógrafo local cuja estrela estava a subir rapidamente a nível nacional com as seguintes exposições: “Fotografias de Ansel Easton Adams” (1932); “f.64 do Grupo de referência” (1932-1933), que também apresentou o trabalho de Imogen Cunningham, John Paul Edwards, Preston Holder, Consuelo Kanaga, Alma Lavenson, Sonya Noskowiak, Henry Swift, Willard Ames Van Dyke, Brett Weston, e Edward Weston; e  ainda as mostras:“Yosemite em Four Seasons: Fotografias de Ansel Adams” (1935).

​

Adams moldou o campo para outros fotógrafos praticantes em ambas as costas, e o seu impacto é imensurável. Para além do ensino, foi autor de uma série de livros sobre técnicas fotográficas que mostravam a sua perícia durante gerações de fotógrafos em início de carreira. Paralelamente às suas realizações na fotografia, Adams dedicou-se à defesa do ambiente durante mais de sete décadas. Em 1980, recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta honra civil da nação, pelos seus esforços artísticos e ambientais.

​

​A paisagem em Mudança

​As fotografias de Adams são apreciadas pelas suas imagens e qualidades formais, mas também transmitem uma mensagem de defesa de direitos. As duas últimas secções da exposição examinam as paisagens continuamente variáveis ​​dos locais de outrora captadas por Adams. Nessa época o fotógrafo estava bem ciente das preocupações ambientais que a Califórnia e a nação enfrentavam - graças, em parte, ao seu envolvimento com o “Sierra Club” e a “Wilderness Society”.

​

​Como a sua carreira progrediu, Adams começou a afastar-se das paisagens selvagens em favor de imagens que mostravam uma visão mais subtil, fotografando a expansão urbana, estradas, perfuração de petróleo, cidades-fantasma, cemitérios rurais e cidades mineiras, além de visões mais silenciosas e menos românticas da natureza, como as consequências dos incêndios florestais - temas que ressoam de novas formas actuais. Para os fotógrafos contemporâneos que trabalham no oeste americano, o espírito de vigiar e a atenção à paisagem assume uma urgência cada vez maior, ao enfrentar um terreno continuamente alterado pela actividade humana e pelo aquecimento global. Obras de artistas como Laura McPhee, Victoria Sambunaris, Mitch Epstein, Meghann Riepenhoff, Bryan Schutmaat e Lucas Foglia testemunham essas mudanças, contrariando as noções de que os recursos naturais são, de algum modo, ilimitados e não necessitam de atenção e protecção.

​

​"Uma fotografia é criada e não tirada", dizia Ansel Adams, pois considerava o negativo uma espécie de partitura tal como a música, que deveria ser   trabalhada com criatividade e dedicação para emocionar os espectadores.

​

Esse era o conceito do início do século XX, nos primórdios da fotografia, quando se acreditava que a imagem fotográfica estaria a tirar o espaço da pintura na arte representativa. 

​

​Actualmente a fotografia afirmou-se como uma arte autónoma. A carga imensa de informação e expressão que uma fotografia pode conter, faz dela um meio tão elevado como qualquer outra forma de arte.

 

Theresa Beco de Lobo